Em um dos trechos da bela letra da canção “Sampa”, Caetano Veloso escreveu “A força da grana que ergue e destrói coisas belas”. Nesses tempos de escândalos de corrupção, de sonegação e de roubalheiras afins, o uso do dinheiro ou o que se faz em nome dele, tem colocado o Brasil numa triste situação.
Há meses a Petrobras, uma das mais importantes empresas do setor de energia do mundo, vem sangrando, por conta de uma pequena parcela de funcionários que decidiram usar dos seus poderes para desviar recursos financeiros para as mais distintas finalidades.
Como neste caso as investigações também alcançaram outras empresas e os seus altos executivos, além de um conjunto de organizações e de pessoas integrantes do esquema de desvio do dinheiro, como políticos e partidos, tomara que no final do processo todos os culpados sejam punidos na forma da lei, e o montante desviado seja devolvido a quem de direito.
Visto pelos olhos da grande mídia, parece que o caso da Petrobrás é o único existente no país. É provável que haja situações de corrupção em quase todos os estados brasileiros, pois sistemas de desvios de numerário público estão impregnados na estrutura econômica, política e social do nosso país desde a colonização, não se esquecendo dos altíssimos volumes sonegados por companhias privadas.
Torço para que neste episódio a Petrobras não seja destruída em função de interesses de grupos daqui ou de fora, de olho nas nossas riquezas de petróleo e gás. Parafraseando o atual slogan dessa importante companhia tupiniquim “Ontem, hoje e sempre, superando desafios. Todos eles”, a sociedade brasileira precisa se olhar, se enxergar, e enfrentar todos os seus verdadeiros problemas de dentro para fora e de fora para dentro.
E citando o poeta Aldir Blanc, em “Querelas do Brasil”, música interpretada com beleza na inconfundível voz de Elis Regina, “O Brasil, não conhece o Brasil. O Brasil, nunca foi ao Brasil… O Brasil, não merece o Brasil. O Brasil, tá matando o Brasil… Do Brasil S.O.S ao Brasil. Do Brasil S.O.S ao Brasil.” Por aqui, fico. Até a próxima. (#Envolverde)
* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.
