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Chamado às empresas pela crise humanitária

Foto: Fundação Ikea criou um abrigo que, uma vez montado, é mais seguro e duradouro do que as barracas de campanha. Cortesia da Fundação Ikea
Foto: Fundação Ikea criou um abrigo que, uma vez montado, é mais seguro e duradouro do que as barracas de campanha. Cortesia da Fundação Ikea

Por Fundação Ikea*

 

Leiden, Holanda, 19/8/2016 – Com mais de 65 milhões  de pessoas obrigadas a abandonar suas casas devido à violência e aos conflitos armados, e por ocasião do Dia Mundial da Assistência Humanitária, celebrado hoje, 19 de agosto, se faz um chamado a todos os governos e setores sociais para que unam esforços a fim de enfrentar essa crise humanitária sem precedentes.

A Fundação Ikea acredita que o setor privado e as fundações têm um papel importante a desempenhar no fortalecimento da resposta global à crise de refugiados que se vive em diferentes partes do mundo.“O setor corporativo deve unir-se para ajudar os que ficaram em meio a um dos maiores deslocamentos de pessoas da história”, afirmou Per Heggenes diretor-geral da Fundação. “Não é só uma questão de governos e de agências humanitárias. As empresas também têm a responsabilidade de responder à sua maneira”, ressaltou.

“O apoio econômico, por meio de doações a organizações que trabalham diretamente com refugiados é, efetivamente, uma forma de ajudar. Mas acreditamos que as empresas têm muito mais a dar. Sua experiência e capacidade de inovação podem ajudar a melhorar a vida dos refugiados, e sua influência pode incentivar outros a colaborar”, apontouHeggenes.

Inovação e criatividade

A Fundação Ikea apoia crianças refugiadas e suas famílias em diferentes partes do mundo, por intermédio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e de outras grandes organizações internacionais. A Ikea faz um bom uso de sua criatividade e de sua capacidade de resolução de problemas para encontrar formas práticas de colaborar.

Junto com a empresa social BetterShelter e o Acnur, a Fundação criou um abrigo que é mais seguro e duradouro do que as barracas de campanha. O Acnur já indicou milhares desses albergues para alojar as famílias de refugiados na Grécia, Iraque, Sérvia, Chade e Djibuti. A moradia poderá ser vista na mostra Inseguranças: Acompanhamento de Deslocamentos e Abrigos, no Museu de Arte Moderna de Nova York, entre 1º de outubro e 22 de janeiro de 2017.

“É um grande exemplo de como os princípios democráticos em matéria de projeto e de seu compartilhamento com muitas pessoas também influenciaram na inovação do setor humanitário”, explicou Heggenes. “Os abrigos ajudam as pessoas que tiveram que abandonar suas casas a levarem uma vida cotidiana melhor enquanto permanecem deslocadas”, destacou.

Construir associações improváveis

A Fundação Ikea se associou há pouco com a plataforma de projeto What Design Can Do (O Que Um Projeto Pode Fazer), com sede em Amsterdã, e ao Acnur para aproveitar o poder criativo da comunidade de projetistas.O Desafio Refugiados, daWhat Design Can Do, chamou projetistas e criadores a pensarem conceitos para melhorar a vida das famílias nessa situação nas cidades.

A convocação conseguiu mais de 600 adesões e, no dia 1º de julho, foram anunciados os cinco ganhadores, que receberam dez mil euros (US$ 11.290) e o apoio de especialistas para desenvolverem suas ideias.“Essa grande participação mostrou que a comunidade de projetistas realmente quer utilizar suas habilidades para melhorar a vida cotidiana das crianças e de suas famílias refugiadas”, pontuou Jonathan Spampinato, diretor de comunicações da Fundação Ikea.

“Nosso papel foi criar uma plataforma para que mostrassem suas ideias e oferecer fundos para desenvolverem os melhores conceitos. Acreditamos que outras comunidades de profissionais podem estar igualmente motivadas e que as grandes empresas podem ativar esse desejo de ajudar”, acrescentou Spampinato.

Como os produtos podem fazer a diferença

Além de buscar soluções com projetos inovadores, a Fundação Ikea oferece apoio econômico e faz doações de seus produtos para organizações com as quais colabora enfrentando a crise humanitária.“Estamos muito orgulhosos de podermos apoiar nossos sócios em tempos de desastres e conflitos”, destacou Spampinato.“Neste Dia Mundial da Assistência Humanitária gostaríamos de enviar nosso forte agradecimento aos nossos sócios humanitários, especialmente ao pessoal e aos voluntários que trabalham no terreno atendendo as emergências”, destacou.

Para apoiar as famílias de refugiados que vivem no Iraque, a Fundação doou 400 mil colchões, edredons e lençóis ao Acnur em três anos.Desde 2013, também doa produtos infantis da Ikea ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), para “o desenvolvimento da primeira infância”, ajudando no bem-estar de bebês, especialmente em zonas afetadas por conflitos e situações de emergência.

No começo deste ano, a Fundação entregou US$ 10,61 milhões às organizações SavetheChildren e Médicos Sem Fronteiras. O dinheiro é usado para ajudar crianças e suas famílias prejudicadas pela guerra na Síria, tanto no território desse país como nos países vizinhos, em ações de saúde, educação e proteção, bem como para fortalecer as organizações locais que trabalham no país.

Além disso, a Fundação se associou à War Child para garantir uma educação de qualidade a dez mil crianças refugiadas sírias e sudanesas, por meio do programa de formação por computador Can’tWaittoLearn (Não Posso Esperar Para Aprender).

Atores locais no terreno

Com um enfoque semelhante, a Fundação Ikea apoia um programa de três anos da Oxfam para fortalecer organizações humanitárias locais em Bangladesh e Uganda. O fundo de US$ 8,24 milhões, anunciado na Cúpula Humanitária Mundial, realizada em maio em Istambul, marca uma mudança de rumo na forma como a comunidade internacional enfrenta as emergências.

“Com tantas pessoas em movimento por causa de conflitos e desastres naturais, o sistema humanitário está sob muita pressão. As organizações locais costumam estar em melhor posição para oferecer ajuda imediata, porque se encontram no terreno e compreendem a comunidade e a cultura”, disse Heggenes. “Financiamos esse programa por acreditarmos que, fortalecendo os atores locais, melhoraremos o sistema humanitário em geral e contribuiremos para tornar o trabalho mais eficiente”, opinou.

Com a participação de clientes e companheiros de trabalho

Outra forma que o setor privado tem para colaborar com os refugiados é por intermédio de seu pessoal e seus clientes. No período 2014-2015, a Ikea e a Fundação Ikea realizaram a campanha Uma Vida Melhor Para os Refugiados. Para cada lâmpada vendida em uma das lojas Ikea, a Fundação doava um euro (US$ 1,13) ao Acnur.

“Estamos contentes pela forma como os companheiros de trabalho na Ikea apoiaram a campanha e a promoveram entre seus clientes”, enfatizouHeggenes. “No total reunimos quase US$ 35 milhões para levar luz e energia renovável a acampamentos de refugiados na Ásia, África e Oriente Médio”, acrescentou.“Além de juntar muito dinheiro, creio que a campanha mostra como as empresas podem constituir uma força poderosa capaz de fazer o bem, ao convocar todo seu público em um assunto tão importante como este”, concluiu. Envolverde/IPS

* Este artigo da Fundação Ikea é publicado graças a um acordo com a IPS e faz parte da cobertura especial da IPS pelo Dia Mundial da Assistência Humanitária, celebrado em 19 de agosto.