WWF-Brasil apoia monitoramento de onças-pintadas no Parque Nacional de Iguaçu

Onças-pintadas (Panthera onca). Foto: © Michel GUNTHER
Onças-pintadas (Panthera onca). Foto:
© Michel GUNTHER

Em apenas 20 anos, a população de onça-pintada caiu 90% no Parque Nacional (ParNa) do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (PR), área que protege uma riquíssima biodiversidade da fauna e flora brasileiras. Segundo o Instituto para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais (Pró–Carnívoros), que trabalha com o monitoramento da espécie no Parque, as onças-pintadas foram reduzidas de 100 indivíduos, para 20 indivíduos, em média, podendo desaparecer por completo em 80 anos.

Dentre as ameaças para garantir a espécie viva na reserva, o Instituto aponta a falta de investimentos em estrutura e fiscalização, a caça predatória e de retaliação e a possibilidade de reabertura da Estrada do Colono .

Na Mata Atlântica, a estimativa é de que existam apenas 250 onças-pintadas, maior felino do continente americano e maior predador terrestre do Brasil. A perda do habitat natural da espécie em razão do desmatamento para dar lugar a atividades agropecuárias ou pastagens nativas é crítica para o animal.

Para buscar reverter este quadro dramático, o WWF-Brasil, em parceria com o Pró–Carnívoros, está trabalhando com o monitoramento da espécie no ParNa e apoiando o desenvolvimento de ações prioritárias do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-pintada , especialmente nas áreas de atuação do Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil: Serra do Mar e na região do Alto Paraná, onde está o Parque Nacional do Iguaçu.

“É inconcebível que o maior felino das Américas desapareça da Mata Atlântica.” Afirma Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica e Marinho do WWF Brasil. Ela controla toda a cadeia alimentar e o equilíbrio ecológico dos ambientes onde ocorre. “Se for extinta, as consequências negativas para o meio ambiente e para a enorme parcela da sociedade brasileira que aqui reside serão enormes”.

Ações de monitoramento da espécie são muito importantes para definir as estimativas populacionais, monitorar os deslocamentos dos felinos e identificar as ameaças diretas da espécie. O uso de câmeras trap é uma das metodologias mais comumente utilizadas para o monitoramento da espécie, afirma Daniel Venturi, analista de conservação Programa Mata Atlântica.

“As câmeras trap são as principais ferramentas do trabalho executado em campo. Com elas conseguimos monitorar tanto população de onças quanto a população de presas ao longo dos anos, além de serem fundamentais nos trabalhos de atendimento de conflito entre onças e rebanhos domésticos”, afirma Marina Xavier coordenadora de campo do Projeto Carnívoros do Iguaçu.

A expectativa dos pesquisadores é de que os resultados destas investigações forneçam subsídios para o planejamento e implementação de medidas de manejo e conservação da onça pintada, o que inclui ações educativas e de redução de conflitos com as comunidades do entorno e estimativas sobre a área da população mínima viável para a sustentabilidade da espécie no Corredor Tri-nacional do Iguaçu.

Programa de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BES)

As ações de monitoramento da onça-pintada no Parque Nacional do Iguaçu estão também dentro dos objetivos do Programa de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BES), uma parceria do WWF-Brasil, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Fundación Vida Silvestre Argentina (FVSA). Juntas, as organizações trabalham por melhorias na gestão das Unidades de Conservação situadas na fronteira do Brasil e da Argentina.

A implementação do Programa irá apoiar a consolidação da paisagem da Mata Atlântica no coração do corredor tri-nacional da biodiversidade (Brasil, Argentina e Paraguai). O projeto irá estimular o desenvolvimento de novas oportunidades de negócios por meio da valorização da biodiversidade e de serviços ecossistêmicos associados à Mata Atlântica para gerar impactos sociais e ambientais positivos e fortalecer a gestão das Unidades de Conservação.

Mata Atlântica

O WWF-Brasil trabalha a conservação para três espécies bandeira ameaçadas de extinção que tem como habitat natural o bioma Mata Atlântica: o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) e a onça-pintada (Panthera onca) .

Esta floresta tropical é uma das mais ricas e ameaçadas do planeta, com 11,7% de sua área original sobrevivendo na região mais desenvolvida e ocupada do País, e reconhecida como um dos 25 locais prioritários do WWF ao redor do mundo. A partir desse cenário, o Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil vem trabalhando com a missão de aliar o bem-estar humano à conservação da biodiversidade, qualidade e integridade do solo e dos recursos hídricos.

A Mata Atlântica é um dos cinco biomas mais ricos em diversidade biológica do mundo, fonte de água para 60% da população brasileira. Variados tipos de florestas, relevos e populações compõem o bioma, ao longo de 17 estados brasileiros, Paraguai e Argentina.

* Publicado originalmente no site WWF Brasil.