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Suzano integra natureza no centro da estratégia de negócios

Iniciativa integra ciência, articulação com diferentes atores e metas globais para impulsionar soluções frente aos desafios da biodiversidade

Atualizado em 13/11/2025 às 19:11, por Redação Envolverde.

Equipe dos corredores de mata atlântica

Quem depende da natureza precisa cuidar dela. Guiada por essa convicção, a Suzano, maior produtora mundial de celulose, lança sua Estratégia de Natureza, iniciativa que combina ciência, articulação com diferentes atores e metas globais para conservar e restaurar o equilíbrio dos ecossistemas. A ação marca o início de uma colaboração inédita com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

Para integrar a natureza no cerne do negócio, a Suzano está orientando suas decisões com base na hierarquia de mitigação: evitar, reduzir, restaurar e transformar. A empresa reconhece que sua longevidade e capacidade de inovar estão intrinsecamente ligadas à saúde dos ecossistemas e tal abordagem permite, justamente, prevenir impactos, minimizar riscos e promover a regeneração, que garantirá um futuro habitável para todos. 

Entre as ações, a Suzano aplicou de forma pioneira a métrica STAR (Species Threat Abatement and Restoration), ferramenta que ajuda a mapear áreas sensíveis em sua atuação, identificar espécies ameaçadas e definir prioridades de ação para atuar na redução do risco de extinção das espécies.

Até agora, o monitoramento de biodiversidade revelou 125 espécies ameaçadas, das quais 24 foram selecionadas como foco de atuação imediata com base em critérios técnicos. As espécies incluem 12 mamíferos, sendo sete endêmicos, 10 aves, sendo também sete endêmicos e dois répteis endêmicos. “A metodologia, passando por todas as etapas, foi um processo muito rico. Consideramos todo o histórico de monitoramento e ações de conservação da biodiversidade, que realizamos há mais de 30 anos, para fazer essa calibração”, conta Giordano Automare, Gerente Executivo de Sustentabilidade da Suzano.

Criada em parceria com a IUCN, que, com mais de 1.500 membros de 160 países, é a maior rede ambiental do mundo, a métrica STAR integra a metodologia RHINO (Rapid High-Integrity Nature-positive Outcomes), lançada em outubro deste ano. A abordagem orienta as organizações sobre o que fazer, onde agir e como medir o progresso na redução dos riscos de extinção das espécies em meio a um cenário global desafiador. “75% dos ecossistemas terrestres já foram alterados pela ação humana e cerca de 25% das espécies avaliadas estão ameaçadas de extinção, de acordo com o World Economic Forum. Esses números representam riscos concretos para a sociedade e para os negócios. Para a Suzano, garantir a integridade da natureza significa garantir a resiliência do nosso negócio e das comunidades com quem nos relacionamos’’, afirma Giordano.

Corredores ecológicos

A Estratégia de Natureza reforça compromissos já assumidos pela companhia, como o de conectar 500 mil hectares de fragmentos florestais por meio de corredores ecológicos e aumentar a disponibilidade hídrica em bacias consideradas críticas nas regiões onde atua.

De acordo com a Suzano, os resultados apontados pela métrica STAR revelaram uma alta correlação entre as bacias prioritárias para atuar na redução das ameaças e o traçado dos corredores ecológicos, que estão sendo implantados nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia até 2030. Mapeado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), o traçado planejado levou em consideração tanto a importância dos fragmentos para a biodiversidade, como também priorizou a passagem por áreas da empresa. Desta forma, cerca de 70% dos corredores ecológicos previstos ficam dentro das áreas da companhia, o que, deve facilitar a implementação das ações e ampliar os benefícios ambientais esperados.

As comunidades locais e povos tradicionais também participam da implantação dos corredores. No ano passado, por exemplo, duas aldeias indígenas Pataxós foram envolvidas na conexão entre o Parque do Descobrimento e o Parque do Monte Pascoal, localizados na Bahia, dois grandes remanescentes da Mata Atlântica, beneficiando cerca de 30 famílias.

Para integrar as comunidades do entorno na cadeia da restauração, a companhia tem realizado capacitações para coleta de sementes e estruturação de viveiros comunitários. Com a expansão das ações por meio do STAR, a empresa também enxerga oportunidades de engajamento em atividades como combate a incêndios, prevenção de desmatamento e proteção da fauna, fortalecendo a integração entre conservação ambiental e desenvolvimento social.

Todo esse trabalho se relaciona ainda a metas globais, tais como o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, estabelecido na COP15 da biodiversidade. O acordo histórico assinado por 196 países possui 23 metas a serem alcançadas até 2030, dentre as quais estão: garantir a conservação de 30% da terra, mar e águas interiores e restaurar 30% dos ecossistemas degradados pela ação humana.

Conservação de espécies-chave 

Das 24 espécies ameaçadas selecionadas, a Suzano destaca os primatas como foco de projetos de conservação nos diferentes corredores ecológicos: macaco Caiarara (Cebus kaapori) e Cuxiú-preto (Chiropotes satanas), Bugio marrom (Alouatta guariba guariba) e macaco Prego (Sapajus cay).

No Corredor Amazônia, foram registrados 12 avistamentos de Cebus kaapori (grupos de 2 a 15 indivíduos) e cinco avistamentos de Chiropotes satanas (grupos de 7 a 18 indivíduos). No Corredor Mata Atlântica, o Bugio marrom foi observado em três das dez áreas amostradas, incluindo uma nova localidade em Teixeira de Freitas na Bahia. Foram contabilizados dois avistamentos diretos, com tamanho médio de grupo de quatro indivíduos e estimativa populacional mínima de sete indivíduos. Já no Corredor Cerrado, uma parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul permite o estudo ecológico e comportamental do Sapajus cay em 11 fragmentos do bioma.

Parceria em prol da biodiversidade

Fruto de um processo colaborativo, a Estratégia de Natureza da Suzano nasceu do diálogo com mais de 25 instituições, entre especialistas, ONGs, universidades, representantes do governo e comunidades locais. A troca de saberes rendeu metodologias inovadoras ao processo. O modelo foi publicado por meio do estudo de caso da Suzano no Congresso da IUCN, que aconteceu no início de outubro. 

As lições aprendidas foram fundamentais para a consolidação da metodologia RHINO, que orienta empresas a agirem de forma concreta e mensurável para a conservação da biodiversidade. A evolução das análises internas para a construção da Estratégia de Natureza da Suzano abrangeu os 2,9 milhões de hectares de áreas próprias da empresa, número que se expande para cerca de 10 milhões de hectares quando considerada a escala das bacias hidrográficas analisadas. Esse modelo resulta na ampliação do olhar para além dos limites operacionais da empresa e reforça o compromisso com a conservação em escala de paisagem.

Apesar de possuir vastas áreas sob seu controle, a Suzano acredita que nenhum ator conseguirá reverter a perda da biodiversidade sozinho. Florence Curet, Gerente Sênior do Programa de Negócios e Natureza, da IUCN concorda que a ambição de deter e reverter a perda de biodiversidade não é algo que possa ser alcançado por uma única companhia. “Exige colaboração entre empresas, governos e stakeholders, considerando paisagens e cadeias de valor”, diz. 

Com 20 pilotos em andamento no mundo, metade com setor privado e metade com governos nacionais, a Suzano é uma das primeiras empresas a explorar o potencial do IUCN RHINO, tendo testado o método ao longo do último ano. “A Suzano vem contribuindo para tornar essa abordagem prática e operacional, mantendo a ambição alta e identificando oportunidades de co-benefícios com parceiros e comunidades. Encontramos na empresa um grande parceiro em termos de visão e ambição”, vibrou Florence.

O elo entre a organização e o setor privado também foi exaltado por Malu Pinto, Vice-Presidente Executiva de Sustentabilidade, Comunicação e Marca da Suzano. “Hoje fazer parceria é construção coletiva, é abrir espaço para o papel de cada um, mesmo que isso torne o processo mais demorado e complexo. Ter a possibilidade de trabalhar com a IUCN é um sonho de consumo. É uma parceria que exige essência, verdade e compromisso”. Sobre possíveis percalços no caminho, a executiva reflete que o trabalho em conjunto é uma jornada de melhoria contínua. “O que somos hoje não é o que seremos amanhã. O importante é estar aberto, em estado de alerta, para aprender com a ciência e integrar isso ao nosso jeito de operar”, diz. 

Em meio a esta caminhada de integrar o valor da natureza ao negócio, outros compromissos já assumidos pela Suzano incluem reduzir em 15% a captação de água nas operações fabris e reduzir em 70% os resíduos industriais enviados a aterros e reduzir em 50,4% de emissões absolutas (escopo 1 e 2). 

Envolverde