Sob a sombra da Sumaúma: entre cifras, gente e futuro em Imperatriz
por Reinaldo Canto - Quando atravessei os portões da Suzano em Imperatriz, em 7 de outubro, pensei que veria apenas máquinas, torres e fumaça branca — mas aquilo que ficou foi muito mais: olhares, mãos calejadas, flores nativas e sorrisos firmes de quem acredita que progresso pode rimar com cuidado. Nos três dias de press trip, entre visitas à fábrica de celulose, encontro com lideranças comunitárias e caminhadas por projetos sociais, fui absorvendo não só imagens, mas números que ajudam a dar corpo às histórias que testemunhei.

Por Reinaldo Canto*
A unidade da Suzano em Imperatriz é hoje uma das mais modernas do país e uma das principais âncoras econômicas da região tocantina.
- A planta tem capacidade para produzir 1,7 milhão de toneladas de celulose por ano e cerca de 60 mil toneladas de tissue (papéis sanitários e lenços).
- A área florestal associada à operação — entre plantios de eucalipto e áreas de conservação — ultrapassa 568 mil hectares distribuídos pelos estados do Maranhão, Pará e Tocantins. Desses, 308 mil hectares são áreas destinadas exclusivamente à conservação ambiental.
- No quesito emprego, cerca de 6 mil pessoas trabalham direta e indiretamente nas operações industrial e florestal.
- O investimento inicial para erguer a planta foi expressivo: US$ 3 bilhões aplicados na estrutura industrial e na base florestal.
Imponente, o complexo industrial se impõe na paisagem como um símbolo de modernidade — mas também de desafios. É ali que se concentram as expectativas de desenvolvimento de uma região historicamente marcada por desigualdades e por tensões entre a produção e o meio ambiente.
Impactos socioeconômicos

E não é só produção bruta. Há impactos humanos, visíveis, mensuráveis.
- Desde 2011, quando começaram as operações em Imperatriz, o PIB per capita da cidade cresceu de forma expressiva — estimativas apontam para um aumento de 71%, em boa parte atribuído à presença da fábrica.
- A Suzano estabeleceu uma meta ambiciosa: retirar 200 mil pessoas da linha da pobreza até 2030 nas regiões em que atua. Entre 2020 e 2024, mais de 97 mil pessoas já deixaram essa condição.
- Somente em 2024, os investimentos socioambientais da empresa nos estados do Maranhão, Pará e Tocantins somaram R$ 7,6 milhões.
- Nesse mesmo ano, foram contabilizadas 3.431 vendas entre empreendedores apoiados por projetos locais — em 17 eventos — movimentando mais de R$ 70 mil em receitas e beneficiando 113 pessoas de 18 organizações comunitárias.
Esses números impressionam, mas o impacto real se mede nos rostos e nas histórias das pessoas que se movem por trás deles.
Onde os números encontram as pessoas

Nas conversas com as mulheres do Projeto Sumaúma Sustentável, percebi que esses dados não cabem em planilhas. São vidas replantadas. Histórias de superação e de quem encontrou renda, autonomia e autoestima onde antes havia apenas incerteza.
O projeto faz parte da Associação Frei Tadeu, entidade beneficente de apoio social que atua com qualificação profissional no meio rural e oferece oportunidades a famílias em situação de vulnerabilidade. “Nosso objetivo é dar ferramentas para que as pessoas possam caminhar com as próprias pernas, com dignidade e conhecimento”, explicou Jouselita Rolim Fagundes, coordenadora de projetos e vice-presidente da Associação Frei Tadeu.
A presidente da entidade, Luigia Gottoli, reforça o valor do apoio recebido: “A parceria com a Suzano tem sido fundamental para que nossos projetos se mantenham vivos e cresçam. O mais bonito é ver as pessoas se transformando, se reconhecendo como protagonistas de suas próprias histórias”.
Clara Cruz, gerente de Sustentabilidade da Suzano, destacou o compromisso da empresa em construir pontes com as comunidades. “Trabalhamos para que o desenvolvimento aconteça de forma compartilhada. É fundamental que as pessoas sintam que fazem parte dessa transformação e que seus saberes e tradições estejam no centro das soluções”, afirmou.
O valor do Babaçu e da tradição
Em Coquelândia, acompanhei a demonstração da quebra do babaçu na sede da Associação Pindowa. O som ritmado dos machados abrindo os cocos parecia ecoar histórias antigas — de resistência, de sustento e de identidade.
Dona Terezinha, uma das quebradeiras mais experientes, me disse com orgulho:
“Preservar o babaçu é preservar nossa vida e o meio ambiente. A palmeira é tudo pra nós — dá óleo, dá sabão, dá renda. E o mais importante: ela continua de pé.”
O projeto Pindowa, também apoiado pela Suzano, reúne 29 associações em dois municípios e envolve 1.384 participantes. Além da produção de sabonetes artesanais e óleos naturais, as famílias mantêm viva a cultura extrativista e o uso sustentável da palmeira, conciliando tradição e geração de renda.
Participei ainda da feira no Espaço Sustentabilidade, dentro da fábrica, e vi o orgulho no olhar de quem, pela primeira vez, vendia seus produtos para dentro da empresa — levando o fruto do seu trabalho até onde antes era só um sonho.
Reflexão: o que permanece
O compromisso da Suzano com metas como “retirar pessoas da pobreza” ou “preservar áreas nativas” será testado nos próximos anos. As pressões climáticas, o avanço do agronegócio e as desigualdades regionais são desafios constantes.
Mas algo parece claro: em Imperatriz, há um diálogo vivo entre indústria, natureza e gente. Nem sempre perfeito, mas real. E, sob a sombra da Sumaúma — árvore que dá nome a um dos projetos e símbolo da floresta que resiste —, talvez esteja brotando um modelo de convivência mais equilibrado entre produção e preservação.
Porque, no fim, desenvolvimento só é sustentável quando carrega, junto com a celulose e o papel, as histórias e esperanças de quem vive ao redor.
*O jornalista viajou para Imperatriz a convite da Suzano
Envolverde

Reinaldo Canto
LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde. LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde. LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde. LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde. LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde.





