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O Mapa da COP-30 derrapou no caminho.

Todos já sabem a gravidade dos fenômenos climáticos extremos. As pessoas estão vivendo seus estragos ao redor do mundo.

Atualizado em 01/12/2025 às 11:12, por Gilberto Natalini.

Ilustração de Peannuts sobre decepção

Gilberto Natalini - 

Também sabemos que as mudanças climáticas, produzidas pela ação humana, na queima dos combustíveis fósseis, caminha muito mais rápido do que as ações que temos feito para preveni-las e combatê-las. 

Assim chegamos à 30 ª COP, na esperança coletiva de termos os avanços necessários para virarmos esse jogo.

A COP de Belém foi um evento grandioso. Cerca de 50 mil pessoas e quase 200 países participaram durante quase duas semanas de milhares de negociações, eventos, debates, conversas em grupos e individuais, declarações e discursos.

Mas tivemos dois tipos de problemas: a infraestrutura do local e as conclusões finais.

A área construída para o evento era muito ampla e aparentemente confortável. Mas a refrigeração local sucumbiu diante do calor úmido da Amazônia. Fez um calor enorme lá dentro.

Também a infraestrutura de alimentação, de água, e elétrica, deixaram a desejar, a ponto de termos um incêndio que foi logo controlado.

A cidade de Belém recebeu bem os participantes, oferecendo como pôde sua hospitalidade, sua diversidade cultural e étnica.

Mas, o que importou mesmo foi o conteúdo do evento e seus resultados.

Houve uma grande presença de pessoas na zona verde, onde as ONGs e as diversas representações sociais estiveram. Várias manifestações também aconteceram, inclusive dos indígenas da Amazônia.

Dentro da zona azul, as delegações e os credenciados se desdobravam em assembleias e reuniões bilaterais, foram negociações e contatos pessoais intermináveis.

Tudo indicava que a COP-30 traria novidades ansiadas do chamado Mapa do Caminho para nos livrarmos, gradativamente dos combustíveis fósseis.

Mas, a partir de alguns dias do evento as negociações emperraram.

Os países produtores de petróleo, que tinham lá 1600 credenciados pela ONU, apoiados pela Rússia, pela Índia e pela China, e tendo o ausente EUA manipulando por trás, se colocaram contra qualquer menção a combustíveis fósseis no documento final.

E assim foi!

A COP da esperança se tornou a COP da decepção.

Desviaram toda a atenção para a adaptação, deixando a mitigação de lado. A adaptação é muito importante, mas é consequência.

É como se um paciente com infecção, tratássemos só a febre deixando as bactérias agirem soltas.

Isso foi ruim demais.

Não temos mais tempo para irmos aos tombos, ano após ano.

Sabemos como é difícil fazermos a transição para buscar novas fontes de combustíveis limpos.

Sabemos das dificuldades políticas, econômicas, sociais e tecnológicas para seguir esse “Mapa do Caminho”.

Mas a omissão dessa COP foi um tapa na cara da humanidade.

E a ganância dos petrolíferos falam mais alto que a nossa sobrevivência.

Gilberto Natalini

Médico e Ambientalista

Envolverde


Gilberto Natalini

Médico e especialista em gastroenterologia, combina sua prática com uma longa trajetória política.