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Mulheres lideram debates sobre adaptação e justiça climática na COP30

IDS Brasil - No Dia das Mulheres da COP30, evento deu continuidade à agenda iniciada na Pré-Cúpula dos Povos, em Belém, que reuniu lideranças do Sul Global para discutir cooperação e financiamento climático justo

Atualizado em 17/11/2025 às 12:11, por Redação Envolverde.

Capa do vídeo do IDS sobre Justiça Climática

Belém (PA) — No Dia das Mulheres da COP30, a programação do Espaço Zélia Amador de Deus retomou o debate iniciado na Pré-Cúpula dos Povos, em Belém, para fortalecer o protagonismo feminino e do Sul Global na construção de uma agenda de adaptação com justiça climática. 

O painel “Conectando conhecimentos para a sustentabilidade dos territórios: 

Mulheres Cientistas e Pesquisadoras em Diálogo com Movimentos Sociais por Justiça Climática e Transição Energética Justa” reuniu lideranças, cientistas, pesquisadoras e tecnólogas para debater saberes locais, tecnologias para a transição energética, produção científica voltada à prevenção dos impactos das mudanças climáticas, práticas sustentáveis e estratégias feministas de enfrentamento à crise climática. 

A atividade contou com transmissão ao vivo pelo canal do Instituto de Democracia e Sustentabilidade (IDS) no YouTube, ampliando o alcance das discussões e fortalecendo a troca de experiências entre mulheres de diferentes regiões e áreas de atuação. 
 

 A programação buscou consolidar uma rede de cooperação voltada para uma transição energética justa, antirracista e redistributiva, bem como os mecanismos de financiamento para a implementação eficaz e eficiente para os processos e projetos de adaptação climática sustentável. 

 Entre as participantes estão Dulce Maria Pereira (IDS), Gisele Brito (Instituto Peregum), Jaqueline Gomes de Jesus (Fundo Elas+), Zhou Jinyan (Shanghai International 

Studies University, China), Anita Venter (University of the Free State, África do Sul),

Gabriella Bianchini (Global Witness), María Noel Estrada (Noni) (Gender Justice and 

Development Programme - UN), Dalila Calixto (Movimento de Atingidos por Barragens - MAB), Regina Vieira (Association Lado Brasil, Grenoble/França), Sibelys Mejía Rodríguez (ILEX Acción Jurídica), Marilena Loureiro (UFPA), Isabel Rosa Cabral 

(Superintendência de Políticas Afirmativas e Diversidade /UFPA), Roberta Froes (Vice-Reitora da UFOP), Vanuza Da Conceição Cardoso (UFPA/ Quilombo Abacatal), Katya Isaguirre (Coordenadora do Ekoa/UFPR) e Isadora Gomes (Ação da Cidadania), além outras cientistas e pesquisadoras do Brasil, América Latina, África e Ásia e integrantes da coordenação da COP30. 

 O evento “Solidariedade Sul-Sul para Adaptação com Justiça Climática” integra a série de atividades organizadas por Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Instituto de Referência Negra Peregum, Pan African Climate Justice Alliance (PACJA) e Universidade Federal do Pará (UFPA), com apoio da Oxfam Brasil, Fundo Elas+ e Ação da Cidadania. 

 O encontro do dia 14 foi uma continuação direta das discussões que começaram no dia 9 de novembro, também no Espaço Zélia Amador de Deus, durante a Pré-Cúpula dos Povos rumo à COP30, quando lideranças africanas e latino-americanas discutiram os desafios do financiamento climático e a necessidade de fortalecer a cooperação entre países do Sul Global. 

 Durante o painel, Dulce Maria Pereira, presidenta do IDS, destacou a importância da cooperação entre América Latina e África na formulação de políticas de adaptação: 

 “As decisões sobre financiamento climático precisam deixar de reproduzir as desigualdades que agravam as crises ambientais e sociais. O Sul Global deve participar da formulação dos instrumentos financeiros, e não apenas da execução dos projetos.” 

 O diretor executivo da PACJA, Dr. Mithika Mwenda, reforçou que adaptação é um tema de justiça e não de caridade: 

 “Adaptação não é caridade, é justiça climática. Financiar a resiliência não é opcional, é uma obrigação. A solidariedade Sul-Sul é o instrumento mais poderoso para a sobrevivência e transformação de nossos povos.” 

 Gisele Brito, do Instituto de Referência Negra Peregum, destacou a centralidade da luta antirracista na justiça climática: 

 Gisele Brito, do Instituto de Referência Negra Peregum

 “O financiamento climático deve ir além das metas ambientais — é preciso reconhecer e reparar os impactos raciais de suas ações. Sem isso, os recursos destinados à justiça climática podem acabar reforçando o racismo ambiental que deveriam combater.” 

 A cerimônia do dia 9 também prestou homenagem à professora Zélia Amador de Deus, referência na luta por igualdade racial e justiça socioambiental na Amazônia. Em sua fala, ela afirmou: 

 

A luta antirracista não é apenas uma luta pela igualdade. É o ponto de partida para que a igualdade possa, um dia, existir. Nenhum sonho de justiça ou equidade é possível sem o combate ao racismo.” 

 A atividade contou ainda com a presença do climatologista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico da Amazônia e integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 2007 por sua contribuição às pesquisas sobre o clima. 

IDS Brasil/Envolverde