Ministro da Saúde inaugura UBS DA FLORESTA adaptada para saúde para Amazônia
𝗽𝗼𝗿 𝗣𝗮𝘁𝗿í𝗰𝗶𝗮 𝗞𝗮𝗹𝗶𝗹 - Programa apoiado pela Fundação Banco do Brasil em parceria com o Projeto Saúde e Alegria amplia energia solar, conectividade, telemedicina e cuidado básico em comunidades ribeirinhas da região do Tapajós.

por Patrícia Kalil especial para a Envolverde -
No último sábado (25), a UBS da Floresta da comunidade de Anã, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, em Santarém (PA), foi inaugurada com a entrega de equipamentos essenciais para a atenção primária, como nebulizadores, autoclave, eletrocardiógrafo digital, termômetro, oxímetro, glicosímetro, otoscópio, sonar fetal, kits de emergência, oxigênio, materiais para remoção e kits para Agentes Comunitários de Saúde e parteiras. A unidade também recebeu sistema de energia solar off-grid ou híbrido (solar-diesel), internet via satélite e geladeiras para conservação de vacinas, garantindo funcionamento contínuo mesmo em áreas de difícil acesso.

A entrega ocorreu durante o segundo dia do seminário “Saúde e Clima na Amazônia”, que reuniu cerca de 150 participantes, entre comunidades ribeirinhas, indígenas dos povos Kayapó e Munduruku, pesquisadores, universidades, institutos de pesquisa, gestores públicos e profissionais de saúde. O encontro discutiu tecnologias sociais, fortalecimento da atenção primária e estratégias de adaptação climática na floresta, abordando desafios como contaminação por mercúrio e agrotóxicos, segurança alimentar e impactos das secas e cheias extremas sobre o cuidado em saúde.
Durante a visita, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lembrou sua trajetória na região, onde viveu e trabalhou por seis anos no final dos anos 1990.
“Voltar à Amazônia e ver a evolução é emocionante. A UBS da Floresta é um modelo construído com e para a comunidade. Estamos levando o SUS para dentro da floresta, respeitando os modos de vida e garantindo cuidado onde as pessoas vivem”, afirmou.
O Projeto UBS da Floresta é realizado pelo Projeto Saúde e Alegria (PSA) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e apoio técnico do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS). Com investimento de R$ 10 milhões da Fundação Banco do Brasil, a iniciativa está estruturando 24 unidades de atenção primária em comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas, com foco em energia solar, conectividade, equipamentos, capacitação das equipes e telemedicina.
Segundo Kleitton Morais, presidente da Fundação Banco do Brasil:
“O papel da Fundação é reconhecer soluções que nascem nos territórios e fortalecer o que já existe. Quando escutamos a comunidade e valorizamos a cultura local, construímos desenvolvimento que permanece.”

Para Caetano Scannavino, coordenador-geral do PSA, a agenda reforça a relação direta entre saúde e clima:
“Secas e cheias extremas afetam a água, o transporte e a incidência de doenças. Preparar as comunidades para enfrentar esses eventos é também fazer saúde. Energia solar, sistemas de água, comunicação e telemedicina são infraestrutura de cuidado.”
O médico Eugênio Scannavino Netto, coordenador geral e co-fundador, complementa:
“A gente está falando de um modelo de saúde territorializada, que valoriza o conhecimento das comunidades e fortalece os serviços públicos de atenção básica. É o que temos feito há décadas: desenvolver tecnologias sociais adaptadas ao território, apoiar ações de prevenção, educação, capacitação e atenção primária, fortalecer a saúde fluvial, qualificar os serviços locais e promover o ensino médico regionalizado. Fazer saúde com os povos tradicionais é cuidar da Amazônia e cuidar da Amazônia é cuidar do planeta. Por isso trabalhamos para que essas comunidades sejam autônomas, com bem viver e o SUS presente onde a vida acontece.”
A comunidade também celebrou o início da Farmácia Viva, que integra plantas medicinais e saberes tradicionais ao atendimento. Durante a cerimônia, o frei Messias Souza, da pastoral socioambiental, plantou junto ao ministro uma muda de cipó Unha-de-Gato, uma planta medicinal indicada para redução da inflamação das articulações. Ele destacou que já são 18 espécies cultivadas em viveiro, em parceria com a UFOPA, destinadas ao uso pelo SUS nas comunidades.
A visita encerrou o seminário em Anã. Além da inauguração da UBS, a programação incluiu vivências com tecnologias sociais, produção de mel, manteigas e óleos da sociobiodiversidade, sistema de água solar, artesanato e experiências de comunicação comunitária. São iniciativas que fortalecem a autonomia, a economia local e a gestão territorial da floresta.
Envolverde





