COP 30: Oportunidade histórica ou risco de mais promessas vazias?
No B3 Climate Day, realizado nesta semana, líderes empresariais, representantes do governo e instituições multilaterais convergiram em uma narrativa: a conferência precisa ser a “COP das Soluções”, capaz de transformar o imenso potencial climático do país em oportunidades reais de negócios e desenvolvimento sustentável. .
Por Reinaldo Canto * –
A contagem regressiva para a COP 30, em Belém (PA), segue acelerada e, com ela, cresce a pressão para que o Brasil traduza em ações concretas o discurso de liderança climática que há anos repete em fóruns internacionais. No B3 Climate Day , realizado nesta semana, líderes empresariais, representantes do governo e instituições multilaterais convergiram em uma narrativa: a conferência precisa ser a “COP das Soluções” , capaz de transformar o imenso potencial climático do país em oportunidades reais de negócios e desenvolvimento sustentável.
O encontro reuniu vozes do BID Invest, World Climate Foundation, CEBDS, SBCOP30, Ministério da Fazenda, C.A.S.E e banco Safra , além da própria B3. O consenso foi claro: sem um arcabouço regulatório robusto e previsível, o Brasil corre o risco de desperdiçar uma janela histórica de protagonismo.
A urgência em números
Na abertura, a vice-presidente da B3, Ana Buchaim , deu o tom da discussão: “não há mais espaço para retrocessos”. Citando o IPCC , lembrou que o mundo precisa reduzir as emissões em 45% até 2030 para evitar os piores impactos do aquecimento global. No plano econômico, os riscos climáticos já representam ameaça de até 27% do PIB global .
No Brasil, o desafio é duplo: estruturar mecanismos como a regulamentação do mercado de carbono e a Taxonomia Sustentável Brasileira , ao mesmo tempo em que se cria confiança para investidores internacionais. Sem clareza e estabilidade regulatória, projetos que poderiam destravar bilhões em investimentos continuam no papel.
Negócios sustentáveis: do discurso à execução
“O setor privado precisa criar negócios rentáveis que sejam bons para as empresas e para as comunidades”, afirmou James Scriven , CEO do BID Invest, lembrando que o desafio global demandará US$ 1,3 trilhão em investimentos . O apelo foi reforçado por Paula Kovarsky , co-chair da SBCOP30, destacando que as vantagens do Brasil ainda precisam ser melhor compreendidas pelo mercado internacional.
A visão pragmática se repete entre os especialistas: o tempo das recomendações já passou. A hora é de projetos escaláveis e financiáveis , como os articulados pela coalizão SBCOP30 e pela iniciativa C.A.S.E.
Carbono como ativo estratégico
Um dos pontos centrais foi o mercado de carbono , apontado como um ativo capaz de gerar até US$ 120 bilhões em receita para o país. Para isso, precisa sair do limbo regulatório e ganhar liquidez. A falta de regras claras não apenas trava investimentos, como mina a credibilidade do Brasil no exterior.
A retórica da colaboração
Se por um lado o discurso da colaboração público-privada soa promissor, por outro levanta dúvidas sobre até que ponto os interesses de mercado não irão se sobrepor ao real compromisso climático. “Diante da urgência, não existem patentes para boas ideias. Temos que falar em colaboração, não em competição”, disse Ana Costa , da C.A.S.E.
Já Joaquim Levy , do Banco Safra, resumiu a aposta empresarial: “as soluções sustentáveis já são realidade; são a fonte do desenvolvimento econômico do país”.
Crítica necessária
Embora o B3 Climate Day tenha reforçado a narrativa de que a COP 30 será uma vitrine para o Brasil, o encontro deixou no ar uma questão central: a promessa de ser a “COP das Soluções” vai além do discurso?
O país de fato reúne uma combinação única – matriz energética limpa, vastos recursos naturais e uma sociedade civil mobilizada. Mas a história recente mostra que o abismo entre as intenções anunciadas e a execução concreta de políticas é profundo.
Sem regulamentação clara, transparência e compromisso político de longo prazo, a “janela de oportunidade” pode se fechar rapidamente, transformando a COP 30 em mais um palco de boas intenções não cumpridas.
Envolverde

Reinaldo Canto
LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde. LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde. LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde. LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde. LONG BIO Jornalista especializado em Sustentabilidade e Consumo Consciente, diretor de projetos especiais do Instituto Envolverde.





