Jornalismo e Mídias Ambientais: passado, presente, futuro – uma breve visão histórica

Por Vilmar Sidnei Demamam Berna*

O jornalismo ambiental surge e se fortalece no Brasil e no mundo como um crescente interesse da sociedade pelas questões ambientais, especialmente a partir da década de 60. É um tipo de jornalismo e de mídia que nasce da dor, da perplexidade diante dos fatos, que cresce a cada divulgação de grandes impactos ambientais.

A chamada Mídia de Massa, por sua própria função e natureza social, faz uma cobertura genérica, horizontal, sobre os diversos assuntos do interesse do público, sem se propor a dar mergulhos verticais em assuntos especializados, como os temas socioambientais. O jornalismo e a mídia ambientais surgem para preencher estas lacunas. De certa forma, são mídias complementares.

E aí, dois grandes desafios: por um lado, como capacitar o profissional na área da comunicação, seja na mídia de massa ou na mídia especializada e, compreendendo não apenas o jornalista, mas também os publicitários, relações públicas, diante das enormes complexidades da questão socioambiental, principalmente diante de um cenário de agravamento das mudanças climáticas? E, por outro, como a mídia ambiental pode financiar uma informação que o público precisa, mas não se dispõe a pagar por ela?  179 países participantes do Rio 92, de certa forma responderam a esta pergunta no capítulo 40.26 da Agenda 21 Global: “(…) sempre que existam impedimentos econômicos ou de outro tipo que dificultem a oferta de informação e o acesso a ela, particularmente nos países em desenvolvimento, deve-se considerar a criação de esquemas inovadores para subsidiar o acesso a essa informação ou para eliminar os impedimentos não econômicos.” Mas ainda falta tirar das promessas.

Apesar de viver à mingua, o jornalismo e a mídia socioambientais cumprem a importante função social – claro, na medida de duas possibilidades -, de oferecer informação de qualidade, de forma regular, e cobrindo as diferentes áreas de interesse mesmo quando o público precisa e não se dispõe a pagar para ter.

E mesmo dentro do segmento de interesse socioambiental, este se desdobra em `sub-interesses` responsáveis por uma diversidade de veículos da Mídia Ambiental que cobrem deste os temas ambientais estrito senso, como fauna, flora, biodiversidade, paisagismo, jardinagem, ecoturismo, bem estar, qualidade de vida, até aspectos políticos, sociais, econômicos, culturais, técnicos, e associados à ecologia interior (espiritualidade), etc.

O que está em jogo não é meio ambiente, mas a própria sobrevivência de nossa civilização e a humanidade não está diante de meros modelos econômicos, mas diante da possibilidade do fim da civilização como a conhecemos.

O jornalismo ambiental tenta expor e mediar este debate, aprofundar a reflexão, mostrar as entrelinhas da notícia revelada na mídia de massa, entretanto, não é uma tarefa fácil. Nossa civilização abusa muito mais que usa dos recursos do Planeta, e por mais que se reconheça os avanços e se queira lançar o olhar para aspectos, digamos, mais bonitos e positivos da realidade ambiental, o pano de fundo em que estas boas notícias acontecem ainda é muito ruim.

A informação está como nunca esteve tão ao alcance de qualquer um – com um mínimo de inclusão digital, acesso à web e computadores cada vez mais acessíveis e celulares que só faltam falar. Aliás, falam também. Entretanto, mentiras, meias verdades, verdades tendenciosas e fora do contexto, manipuladoras, também são informações. Mais que nunca, os jornalistas ambientais são requeridos para ajudar o público a separar o joio do trigo, analisar nessa babel eletrônica o que faz sentido do que é puro besteirol, principalmente diante do agravamento das mudanças climáticas que ameaçam mudar completamente a realidade como a conhecemos. Neste contexto, os encontros e congressos de jornalismo ambiental são fundamentais para ajustarmos percepções. (#Envolverde)