Nobel Muhamad Yunus defende empreendedorismo para os mais jovens e critica sistema que só visa lucro

Muhamad Yunus. Foto: Divulgação
Muhamad Yunus. Foto: Divulgação

Por Sônia Araripe –

Não é todo dia que temos a oportunidade de poder ouvir um Nobel da Paz. Ainda mais se for encontrar Muhamad Yunus, o único economista que já atingiu este feito, aqui mesmo, na nossa cidade.

Criador da tecnologia chamada “negócios sociais”, e do Grameen Bank, um dos cidadãos mais ilustres de Bangladesh, o professor falou durante duas horas para uma plateia atenta de cerca de 400 pessoas. O local não poderia ser mais apropriado – o centro de eventos da Ação da Cidadania, ONG fundada por Betinho (Herbert de Souza), criador do Balanço Social e um dos principais combatentes da fome no Brasil.

“Estou feliz por ver principalmente jovens aqui”, disse Yunus, ao subir o pequeno tablado armado no meio do público, que o recebeu de pé sob aplausos.

Simples, simpático e denso, muito denso, este poderia ser um bom perfil para o Nobel que roda o mundo expondo suas ideiais e espalhando novos ideais.

Para os jovens falou que ninguém precisa de emprego e sim de uma boa ideia para empreender. “Quem precisa de um emprego? As pessoas precisam empreender, ter uma boa ideia e levá-la adiante. E eu sempre digo isso. Os jovens estão aí ajudando a mudar o sistema.”

E criticou o sistema capitalista que só visa o lucro e a vaidade, sem se preocupar com a sociedade e com a redução das desigualdades. “O sistema, como é hoje, está errado. Está baseado apenas no bem-estar de cada um. No seu lucro, na sua vaidade. Por quê não podemos pensar em lucro sim, mas também no bem-estar de todos, de uma comunidade, da sociedade?”

Reunimos aqui alguns dos principais momentos desta palestra incrível e depois teremos toda a cobertura em Plurale. Aguarde e acompanhe aqui em Plurale em site.
– “95% das acionistas do Banco Grammen são mulheres. A maioria (85%) vinham da extrema pobreza. Moravam na rua ou em barracas. Hoje elas têm suas casas e trabalham em suas áreas de negócios. Ajudamos a mudar esta realidade.”

– “Ninguém quer dar um dólar para quem não tenha já algum, nem que seja 50 cents. Banqueiro é assim. Resolvemos mudar esta realidade. Mostramos que os pobres são bons pagadores.”
– “Criamos uma empresa de telefonia, a Drami Phone e passamos a dar telefones para os mais pobres. Estas pessoas, principalmente mulheres de pequenas vilas do interior, puderam ligar para melhorar suas vidas e das comunidades. Eles passaram a ter voz. Pobres também têm direito à tecnologia.”
– “O negócio social é bem diferente da filantropia tradicional. Na caridade, você doa e este dinheiro só tem uma mão, não volta. No conceito de negócio social o dinheiro tem vida ilimitada. Pode ser reinvestido e é possível se fazer um ótimo uso do dinheiro.”
– “Quem precisa de um emprego? As pessoas precisam empreender, ter uma boa ideia e levá-la adiante. E eu sempre digo isso. Os jovens estão aí ajudando a mudar o sistema.”
– “O sistema, como é hoje, está errado. Está baseado apenas no bem-estar de cada um. No seu lucro, na sua vaidade. Por quê não podemos pensar em lucro sim, mas também no bem-estar de todos, de uma comunidade, da sociedade?”
_ “Os problemas, na maoria das vezes, não são complicados. Basta que as pessoas estejam próximas para conhecê-los e saber como resolvê-los. Governos e sistemas costumam estar distantes da realidade. Aí fica mais difícil achar a solução.”
– “Não recomendo que ninguém faça algo totalmente sozinho. Temos visto que empreender ou buscar soluções é mais fácil junto a outros, que já tenham vivido aquilo ou que estejam envolvidos na mesma área.”
– “O que diferencia um menino pobre e um rico é a educação, de casa e das escolas. A mãe, os pais e a escola fazem diferença. (Plurale/ #Envolverde)

* Publicado originalmente no site Plurale.