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Preservação de cavernas e manejo sustentável do Patrimônio Ambiental 

Aliança entre setor de mineração e cimentos cria guia com estratégias para preservação ambiental. Com apoio do Governo Estadual empresas querem ir além da Responsabilidade Social

Por Katherine Rivas, da Envolverde – 

Fruto de cinco anos de parceria entre a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), a Votorantim Cimentos e a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) lançaram duas publicações com estratégias inovadoras de sustentabilidade para o setor empresarial: “Guia de Boas Práticas Ambientais na mineração de calcário” e o “Plano de Gestão Territorial Sustentável (PGTS)”. Durante evento no dia 10/8 se comemorou também 25 anos de existência da RBMA.

O objetivo principal é a contribuição das empresas com a preservação de cavernas e o manejo sustentável do Patrimônio Ambiental. Os materiais apresentam um estudo detalhado com sugestões para ser testadas e aprimoradas no mercado.

O produto foi desenvolvido pela equipe por quase três anos e contém uma série de recomendações e propostas inovadoras que colocam a preservação de cavernas como seu foco principal.

Atualmente 70% das cavernas se desenvolvem em áreas carsticas, sendo o Guia uma fonte de informação sobre estes ambientes, sua importância ecológica e atividade no setor.

Marcelo Rasteiro, Sociedade Brasileira de Espeleologia . Foto: Arquivo Votorantim
Marcelo Rasteiro, Sociedade Brasileira de Espeleologia . Foto: Arquivo Votorantim

Para Marcelo Rasteiro, presidente da Sociedade Brasileira de Espeleologia, está é a primeira publicação detalhada na área. “O Guia relaciona as atividades extrativas ao sistema cárstico, temas de grande importância no setor de mineração, mas que foram sempre abordadas de forma isolada” explica.

Para o SBE o Guia estabelece resultados objetivos tais como a: proteção dos ambientes cársticos, melhora na qualidade dos estudos ambientais e a redução de riscos para as empresas. O material foi elaborado especificamente para cimenteiras, mineradoras de calcário, órgãos públicos e consultorias de operação e desativação das minas de calcário. No entanto, sendo adaptado pode oferecer sugestões importantes para outros setores.

O Guia está dividido em três partes e sete capítulos com as seguintes temáticas: Geossistemas cársticos, Cavernas, Biodiversidade em áreas cársticas, Biologia subterrânea, Paleontologia, Arqueologia e Desenvolvimento comunitário sustentável-mineração em áreas cársticas.

Nesta última temática o estudo fortalece a inserção dos projetos com um diálogo aberto nas comunidades promovendo alianças entre sustentabilidade e identidade cultural.

Com 263 páginas na sua versão impressa o Guia de Boas Práticas Ambientais também está disponível para o público no link: www.cavernas.org.br/cooperacaotecnica

guias
Publicações elaboradas. Foto: Arquivo Votorantim

 

Para Jose Jaime Snelwar, subsecretário de Energia e Mineração do Estado de São Paulo,é necessário trabalhar com um sistema de mineração responsável que vai além da sustentabilidade. “Mineração responsável tem os pés apoiados na sustentabilidade, mas se preocupa com o dialogo das comunidades. Nesta questão o Poder Público também tem uma missão não só normativa e sim didática” afirma.  Snelwar qualificou o Guia como uma iniciativa de boa percepção das comunidades “Se não temos uma boa percepção, não teremos aceitação social “agrega.

Presente também no lançamento, o secretário adjunto da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Antônio Velloso, reforçou a necessidade de divulgar amplamente a ideia entre a sociedade convocando a participação de outros setores. “Eu vejo a participação da Sociedade de Espeleologia, mas me questiono onde estão as outras sociedades brasileiras. Porque todos não criam alianças similares para cuidar do meio ambiente?”, questionou.

Plano de Gestão Territorial Sustentável (PGTS)

A parceria entre as instituições criou também PGTS, um programa de preservação de ativos ambientais. A publicação é um modelo inédito que procura avanços na metodologia de gestão do patrimônio territorial dos setores de mineração, silvicultura, agropecuária e energia.

Para Clayton Lino, presidente da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, o plano é um roteiro importante para obter o reconhecimento da conservação e desenvolvimento sustentável nas terras privadas assim como os avanços nas terras públicas. “Nas últimas décadas houve um avanço grande do setor empresarial em termos de iniciativas para o desenvolvimento sustentável, porém para ir além da “responsabilidade social” o setor precisa ser um protagonista voluntario da preservação ambiental e cultural” comenta.

As áreas consideradas ativos ambientais podem em muitos dos casos gerar grandes impactos contribuindo para a preservação dos recursos do país. Lino fez também menção a Mata Atlântica e afirmou que 93% do território se perdeu por causa do desenvolvimento desmedido e a falta de atitude das empresas.

O PGTS tem como público alvo as empresas que tem grandes extensões de importância socioambiental. Oestudo considerou como base dois exemplos de boas práticas desenvolvidas pela Votorantim Cimentos: Ribeirão Grande, no sul de São Paulo e Laranjeiras, em Sergipe.

“O PGTS é uma iniciativa fantástica porque nasce de forma espontânea pelo público empresarial com objetivos de longo prazo. Esse interesse que une o meio cultural com o meio ambiente vai trazer resultados poderosos para o ecossistema” diz Antônio Velloso.

Área dos Paivas

No auditório Augusto Ruschi, na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (local do lançamento) foi também assinado um protocolo de intenções entre a Votorantim Cimentos e o secretário adjunto, Antônio Velloso.

O compromisso sela ações conjuntas para o estudo da “Área dos Paivas”, situada em Ribeirão Grande. A localidade conta com 690 hectares e 40 cavidades, entre estas a Gruta dos Paivas, quinta maior no estado de São Paulo.

A iniciativa faz parte da ação do Poder Público e sua aliança com o poder privado em favor da sustentabilidade e proteção dos recursos. (#Envolverde)