Sociedade

Oscilações de uma cidade que é o avesso

Por Leno F. Silva* 

Perambular pelas ruas de Sampa é um convite para prestar atenção nas diversidades desta metrópole.

Tudo é passível de ser fotografado ou de se transformar em texto, poesia ou num mero registro que ficará guardado na memória.

A cidade, como a nossa vida, muda o tempo todo. E não apenas as alterações climáticas, comuns nesta capital, as quais permitem que vivenciemos no mesmo dia as quatro estações do ano.

Por isso tem gente que sai de casa com um kit básico de sobrevivência contendo guarda-chuva, blusa, óculos de sol, galocha e alguns sacos plásticos para acondicionar separadamente os itens a fim de evitar a mistura de categorias.

Na semana passada, voltando de uma reunião na Vila Olímpia, percebi que o céu estava carregado. Na medida em que eu me aproximava do ponto de ônibus para descer, as nuvens ficavam mais cinza escuro.

Av. 9 de Julho, uma das mais importantes vias de ligação de São Paulo

 

O trecho a pé até o meu apartamento dura 15 minutos. Acelerei os passos para não ser pego pelo temporal e, felizmente, a tempestade que apontou no meu caminho caiu em outros bairros.

Nesta época do ano sabemos que as chuvas nos visitam com dimensões, intensidades e durações distintas. E dependendo onde São Pedro decide abrir as torneiras, as consequências são imprevisíveis.

Como falta pouco para o verão acabar é provável que ainda role muita água e, talvez, um pouco de outono, primavera e inverno.

Quando se caminha, tem-se contato mais direto com as oscilações metereológias, o que nos permite perceber como cada uma delas impacta nas pessoas e nas paisagens, como nesta foto que fiz da Av. 9 de Julho, uma das mais importantes vias de ligação de São Paulo que, como disse Caetano Veloso, “É o avesso, do avesso, do avesso, do avesso”, e foi um dia a terra da garoa. Por aqui, fico. Até a próxima. (#Envolverde)

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.