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Os Oceanos têm Pacto para lutar pela sua sobrevivência

Já está circulando a revista ECO 21 de agosto de 2012. Uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, a ECO 21 deste mês traz excelentes textos. Veja abaixo do editorial o índice da edição.

Editorial

A RIO+20 terminou com uma recomendação especial: a de agir na conservação e no uso sustentável da biodiversidade marinha. Comemorando antecipadamente o 30º aniversário da criação da Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, recentemente lançou em Yeosu, Coreia do Sul, o “Pacto dos Oceanos”, uma iniciativa para proteger os oceanos e as pessoas que dependem do mar para sobreviver. Em diversas partes do mundo, as populações costeiras que baseiam a sua alimentação na pesca chegam a 90% e, além disso, é a sua principal fonte de recursos financeiros. Mas, em muitas regiões marinhas a sobrepesca reduziu os estoques pesqueiros em até 90%. De acordo com um informe apresentado na RIO+20 pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), 55% dos recifes de corais do mundo, dos quais dependem 275 milhões de pessoas para se sustentar, são objeto da pesca predatória. De forma paralela, a Conservação Internacional (CI), em parceria com a National Geographic Society e o New England Aquarium lançou neste mês o “Índice de Saúde do Oceano” (OIH), a primeira avaliação abrangente indicadora da saúde dos ambientes marinhos, baseada no estudo de 171 regiões costeiras do mundo. Mais de 40% da população mundial vive ao longo das costas e, à medida que aumenta, as pessoas se tornam mais dependentes dos oceanos para a sua alimentação, subsistência, recreação e sustento. Segundo a CI, aproximadamente 84% das reservas marinhas monitoradas estão completamente exploradas, sobre-exploradas ou até mesmo esgotadas. “A capacidade das frotas pesqueiras do mundo é estimada em 2,5 vezes acima dos níveis de pesca sustentáveis”, disse Bud Ris, do New England Aquarium.

“Pela primeira vez, temos uma avaliação abrangente do que está ocorrendo com os oceanos e uma plataforma global a partir da qual podemos estudar as implicações das ações ou omissões humanas”, afirmou Greg Stone, Cientista Chefe para os Oceanos da CI. O índice é uma medida quantitativa da saúde dos oceanos e dos benefícios que eles geram e, portanto, é o primeiro estudo que considera os seres humanos como parte desse ecossistema. O OIH dispõe de 10 fatores para medir o uso que as pessoas fazem dos recursos e serviços oferecidos pelos oceanos e ambientes costeiros, sendo eles: provisão de alimentos; oportunidades de pesca artesanal; produtos naturais; armazenamento de carbono; proteção costeira; subsistência e economia; turismo; identidade local; águas limpas e biodiversidade.

O OIH também é uma importante ferramenta para que os políticos tomem decisões sobre o futuro dos oceanos. As medidas de gestão dos recursos marinhos podem ser examinadas em grupos de metas, as quais permitem que os governos e os políticos avaliem a efetividade de seus compromissos. Ao fazer esta previsão da saúde dos oceanos como um grupo de benefícios, o OHI destaca os diferentes meios nos quais uma área costeira pode ser saudável. Pouco divulgado durante a RIO+20, o movimento ambientalista mundial lançou um apelo para impedir que a exploração de carvão destrua a Grande Barreira de Coral, ecossistema fundamental para a vida marinha. Nesse sentido, o “Pacto dos Oceanos” pode ajudar a salvar a Grande Barreira de Coral porque por princípio está dotado de uma visão estratégica de proteção da vida dos oceanos de forma alinhada com as decisões tomadas na RIO+20.

Gaia viverá!

Índice

Isabela Santos – A RIO+20 abriu o caminho para a ação transformadora

Dal Marcondes – A RIO+20 e a economia de 2020

Maíra Mathias – RIO+20, Cúpula dos Povos, as nações e os povos 20 anos depois

Débora F. Calheiros – Ensaio sobre a cegueira ambiental e social

Elvino Bohn Gass – Código Florestal: alerta geral

Ricardo Abramovay – Metabolismo social do desenvolvimento sustentável

Ives Dachy – Biodiversidade: A destruição das espécies

Flávia Albuquerque – Inúmeras cidades não têm saneamento básico

Olcay Unver – Um futuro seco para o planeta

Carlos Navarro Filho – O coração ecologista de Jorge Amado

Washington Novaes – O que pode levar a uma cidade sustentável?

Carolina Gonçalves – Consciência ambiental no Brasil cresce

Birgit Jaeckel – Chico Whitaker quer Alemanha fora de Angra 3

Malu Nunes – Brasil preserva um décimo das suas UCs marinhas

Leandra Gonçalves – RIO+20 e os oceanos: a esperança morreu na praia

Thalif Deen – Oceanos em emergência

Ennio Candotti – Veneno metálico

Adriana M. Moura – O papel das compras públicas na economia verde

Alexandre Harkaly – Agronegócio orgânico brasileiro ganha importância

Mozart Neves Ramos – A educação e a RIO+20

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