Não só educação: saber agradecer se reflete no nível de agressividade

Saber agradecer não é apenas questão de educação. Isso é característica de pessoas menos agressivas também.

Essa é a conclusão de uma série de pesquisas chefiadas por Nathan DeWall – pesquisador da Faculdade de Ciências e Artes da Universidade do Kentucky, nos EUA –, que avaliou as flutuações de humor em mais de 900 indivíduos e que observou como pessoas que agradeciam as atitudes de amigos, conhecidos ou mesmo desconhecidos que as serviam em algum estabelecimento tinham menores níveis de agressividade, se sentiam bem com seus sentimentos e não se ofendiam facilmente.

“Talvez ao agradecer essas pessoas tenham maior tendência a exercitar a empatia com outros indivíduos, ou seja, elas conseguem se colocar no lugar dessas outras pessoas”, explica o pesquisador, que já desenvolveu outros estudos sobre agressividade. “E quanto mais empático um indivíduo, menor o nível de agressividade.”

O sentimento de gratidão também parece motivar esses indivíduos a expressar maior sensibilidade e se preocupar mais com as pessoas ao seu redor, o que estimularia um comportamento “pró-social” – o inverso do antissocial – diz DeWall. Agradecer também aumentou a sensação de bem-estar, o que pode estar ligado diretamente à diminuição da agressividade.

A hipótese levantada pelo estudo de DeWall e sua equipe diz que ter gratidão pelos atos de outras pessoas pode ser um antídoto natural para a agressividade. “Pessoas que sabem agradecer são vistas como boas de conviver. Mas nosso estudo foi o primeiro a inverter essa fórmula e talvez seja possível dizer que gratidão faz que essas pessoas tenham maior limite no controle da agressividade.”

Mas o pesquisador diz que não é preciso fazer disso um hábito obsessivo. “Não é preciso fazer nada contra a própria vontade, mas ficar mais atento ao que os outros fazem de bom por você e retribuir”, aponta DeWall, que diz que os dados colhidos por sua equipe podem ajudar a desenvolver novos métodos de intervenção para reduzir a agressividade interpessoal.

*publicado originalmente no site O que eu tenho?