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Pegada humana supera os limites da Terra

Secretário-geral Ban Ki-moon bate o martelo para marcar a abertura oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Foto: UN Photo/Mark Garten

Rio de Janeiro, Brasil, 20/6/2012 (Terra Viva) O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, apresentou um cenário assustador para o futuro não muito distante a mais de cem líderes mundiais presentes na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no Rio de Janeiro no dia 20.

Ele destacou três tendências perigosas: muita disputa política, graves problemas econômicos e ampliação das desigualdades sociais. Ban colocou a Rio +20 em um contexto sombrio ao observar que 20 anos atrás, durante a Cúpula da Terra de 1992, havia 5,5 bilhões de pessoas no mundo. “Agora, são mais de sete bilhões. E até 2030, precisaremos de 50% mais alimentos, 45% mais energia e 30% mais de água, apenas para continuar a viver como fazemos hoje”,

Sem sombra de dúvida, advertiu, “entramos numa nova era… Até mesmo uma nova época geológica, onde a atividade humana está alterando fundamentalmente a dinâmica da Terra”. Nossa presença global ultrapassou os limites do nosso planeta, ressaltou.

No dia 19, os delegados de 191 países aprovaram um plano para o desenvolvimento sustentável, intitulado O Futuro que Queremos, que deverá ser aprovado pelos líderes mundiais no dia 22. Contudo, a pergunta permanece: como é que este modelo será dotado de recursos e de uma estrutura institucional? Numa coletiva para a imprensa no início do dia, Ban admitiu que teria preferido um plano de ação mais ambicioso para o futuro. “Eu sei que alguns Estados-membros tinham esperança de ter um documento final mais ousado e ambicioso. Eu também espero que tenhamos um documento final mais ambicioso”, declarou.

“Mas vocês também devem entender que as negociações têm sido muito, muito difíceis, e muito lentas, por causa de todos os interesses e ideias conflitantes”, ponderou Ban, acrescentando que “alguns apresentaram (muitas) ações audaciosas e de grande alcance, enquanto alguns países também tinham os seus próprios pontos de vista e interesses. Então vocês devem entender que este é o resultado de um processo muito longo e delicado de negociação. ”

Dirigindo-se aos líderes mundiais, Ban disse: “vamos acompanhar a Rio +20, com compromisso e ação. Agora é a hora de agir”. E enfatizou que “não vamos pedir aos nossos filhos e netos para convocar uma Rio+40 ou Rio+60. Agora é a hora de ficar acima de estreitos interesses nacionais, e olhar além dos interesses deste ou daquele grupo. É hora de agir com uma visão mais ampla e de longo prazo. Aqui, na Rio +20, podemos assumir o controle do futuro que queremos”. Envolverde/IPS

* Publicado originalmente no site TerraViva.