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México é o último e Estados Unidos está entre os piores em eficiência energética

Lâmpadas fluorescentes compactas (CFL) com economia de energia. Foto: Anton Fomkin/cc by 2.0
Lâmpadas fluorescentes compactas (CFL) com economia de energia. Foto: Anton Fomkin/cc by 2.0

 

Washington Estados Unidos, 23/7/2014 – O México ocupa o último lugar em uma nova classificação sobre eficiência energética de 16 das maiores economias do mundo, na qual a Alemanha aparece em primeiro lugar e os Estados Unidos em décimo-terceiro. Ao divulgar sua classificação, o Conselho Norte-Americano por uma Economia de Energia Eficiente (ACEEE), uma organização sem fins lucrativos, considerou a ineficiência deste país “uma tremenda perda” em recursos e dinheiro.

As 16 economias estudadas são Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Índia, Itália, Japão, México, Rússia e a União Europeia como bloco. A qualificação se baseou em 31 indicadores referentes a medidas de eficiência adotadas pela legislação em cada economia, bem como nos setores industrial, do transporte e da construção.

“Um país que utiliza menos energia para obter os mesmos ou melhores resultados reduz seus custos e a contaminação, e gera uma economia mais forte e competitiva”, diz o informe do ACEEE. “A eficiência energética desempenha um papel na economia dos países desenvolvidos há décadas, mas a eficiência energética rentável continua sendo um recurso muito subutilizado”, acrescenta o documento.

Embora a Alemanha tenha obtido maior pontuação global, com 65 em 100 pontos possíveis, e ficado em primeiro lugar no setor da “indústria”, a China se destacou na categoria “construção”, a Itália no “transporte”, e França, Itália e União Europeia empataram no item “esforço nacional”. O México ficou em último lugar, seguido por Brasil, Rússia e Estados Unidos, com o 13º lugar.

Rachel Young, analista de pesquisa do ACEEE, reconheceu à IPS que o governo dos Estados Unidos adotou no último período importantes medidas para limitar as emissões de carbono, especialmente das centrais de energia existentes. Porém, recomenda que Washington “coloque em prática um objetivo nacional de poupança energética, fortaleça a elaboração de códigos de construção-modelo, apoie a educação e formação no setor industrial, e priorize a eficiência energética no transporte”. Estas medidas reduziriam as emissões, economizariam dinheiro e gerariam postos de trabalho, assegurou.

Historicamente, o ACEEE se dedicou a melhorar a situação da energia nos Estados Unidos. Mas a nova classificação, divulgada no dia 17, insiste que a eficiência energética é um bom investimento ambiental e financeiro, algo que pode ser aplicado a outras economias.

O Worldwatch Institute, um centro de pesquisa com sede em Washington, é uma de muitas organizações dedicadas ao desenvolvimento internacional que adotaram esse enfoque. “Acreditamos que a eficiência energética é uma das maneiras mais rápidas de os países aproveitarem ao máximo o consumo de energia”, afirmou Mark Konold, diretor de projetos do Caribe no Worldwatch.

“O quilowatt/hora mais importante é aquele que não precisa ser produzido”, acrescentou Konold, em conversa com a IPS. A eficiência energética pode ser um sábio investimento econômico para governos e indivíduos por igual, citando exemplos do Caribe, da África Ocidental, América Central e América do Sul.

“Sobretudo nos países insulares, que têm enormes contas de energia, a eficiência energética pode fazer muito para reduzir a carga financeira” das pessoas, pontuou Konold. “Algo tão simples como a instalação de janelas pode melhorar a eficiência dos edifícios” nesses Estados. O Worldwatch Institute e outras organizações consideram que a eficiência energética é um elemento essencial na agenda da sustentabilidade.

Konold, que é coautor de um estudo recente sobre a energia sustentável na Jamaica, considera fundamental examinar o rendimento do investimento nas práticas de eficiência. Isto pode ajudar a determinar quais modelos energéticos rentáveis devem ser aplicados nas nações em desenvolvimento. Essas recomendações são particularmente relevantes devido ao crescente interesse da comunidade internacional pela eficiência.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial, por exemplo, incentivaram a iniciativa Energia Sustentável para Todos (SE4ALL), para ajudar a “promover uma mudança de paradigma” para a sustentabilidade no Sul em desenvolvimento. Um de seus três objetivos é “duplicar a taxa mundial de melhora da eficiência energética”.

“A eficiência energética é a opção de menor custo quanto à emissão de gases-estufa e de energia”, disse Nate Aden, pesquisador do World Resources Institute, um fórum de estudos com sede em Washington. “Isto é especialmente importante para os países em desenvolvimento que procuram ter acesso à energia e ao mesmo tempo enfrentar a mudança climática”, acrescentou.

Parte deste novo enfoque se deve especificamente à SE4ALL, afirmou Aden, acrescentando que os outros dois objetivos da iniciativa, que consistem no acesso universal à energia e em duplicar o uso de energias renováveis, são “compatíveis e complementares” com a eficiência energética.

Embora as ações da comunidade internacional sejam importantes na implantação das estratégias de eficiência energética, outros ressaltam a necessidade da mudança cultural em nível individual. “Uma grande parte desse problema é a educação e a sensibilização”, afirmou Konold. “Quando começamos a difundir a mensagem de que as pessoas podem melhorar sua própria situação é quando começamos a ver a mudança”, acrescentou.

Muitos países não estão sensibilizados com relação à energia, um fenômeno que Konold exemplifica com “deixar o ar-condicionado ligado com as janelas abertas”. O pesquisador afirma que as pessoas podem fazer a diferença se adotarem mais condutas de economia de energia em suas casas.

Esse sentimento é compartilhado por Young, do ACEEE, cujo informe diz que os norte-americanos consomem aproximadamente 6,8 toneladas de petróleo por pessoa. Isto coloca os Estados Unidos em penúltimo lugar em função do consumo individual de energia, superados apenas pelo Canadá, aonde chega a 7,2 toneladas. Envolverde/IPS