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Brasil impulsiona cooperação Sul-Sul

Nova York, Estados Unidos 22/8/2011 – Como potência emergente, o Brasil cumpre um dos objetivos mais importantes da agenda da Organização das Nações Unidas (ONU) em matéria de desenvolvimento, a cooperação Sul-Sul. A Agência de Cooperação brasileira participa de numerosos projetos, a maioria no setor agrícola, em mais de 80 países da Ásia, África, América Latina e Caribe. As iniciativas vão desde pecuária e pesca até horticultura e produção de alimentos em geral.

O Brasil colabora com o desenvolvimento de um cultivo experimental de algodão em Mali, outro de arroz no Senegal, um centro de capacitação e um programa de segurança alimentar no Timor Leste e a produção de soja em Cuba. Além disso, fornece assessoria técnica ao Haiti para desenvolver tecnologia agrícola, outro centro de capacitação no Paraguai e a criação e consolidação do Instituto de Agricultura e Pecuária da Bolívia.

Brasília assinou 21 acordos internacionais, em 2010, com uma única organização regional, a Comunidade do Caribe (Caricom), além de subscrever acordos bilaterais com Jamaica, Guiana, Suriname e Haiti. Há seis ministérios brasileiros envolvidos na cooperação Sul-Sul, que são os de Desenvolvimento Rural, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Pesca e Aquicultura, Meio Ambiente, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e Relações Exteriores.

O peso do Brasil é muito importante por integrar, com Índia e África do Sul, o grupo de potências emergentes (Ibas). “A identidade do Ibas está em promover o desenvolvimento, mas não apenas entre seus membros”, mas no Sul em geral, disse à IPS o embaixador Gilberto Moura, diretor do Departamento de Mecanismos Interregionais. O grupo também ajuda as nações em desenvolvimento por intermédio do Fundo Ibas para Aliviar a Pobreza e a Fome, criado pelos chefes de Estado e de governo durante a Assembleia Geral da ONU de setembro de 2003. Cada membro do grupo doa US$ 1 milhão por ano, que vão para projetos de cooperação, especialmente nos países menos desenvolvidos e nos que sofrem conflitos armados, disse Moura.

As iniciativas se ajustam aos princípios da cooperação Sul-Sul, como o fortalecimento das capacidades nacionais, participação de atores locais e, também, promoção da nacionalização de empresas estratégicas e garantia de sua sustentabilidade, acrescentou Moura. As nações em desenvolvimento que compartilham conhecimento, trocam ideias e têm planos coordenados podem obter maiores benefícios do que conseguiriam sozinhas, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A cooperação Sul-Sul é um componente vital da resposta mundial para lutar contra a fome e a pobreza no mundo, destacou.

A administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Helen Clark, assinou um acordo para reforçar as atividades dessa agência no Brasil. O Pnud “está comprometido em facilitar a cooperação Sul-Sul e espera trabalhar mais de perto com Brasília em diferentes países”, afirmou. Entre os projetos do Ibas estão um complexo esportivo na cidade de Ramalá, na Cisjordânia, outro de coleta de lixo sólido no Haiti e a renovação de dois postos de saúde em zonas isoladas de Cabo Verde.

O Fundo concluiu quatro projetos, em Cabo Verde, Guiné Bissau, Haiti e Palestina. Outros quatro estão em curso em Burundi, Cabo Verde, Camboja e Guiné Bissau, e sete para começarem, sendo dois na Guiné Bissau e Palestina e um em Serra Leoa, Laos e Vietnã, contou Moura. Há outras iniciativas que estão em estudo em países como Sudão, Sudão do Sul e Timor Leste, acrescentou. Todos os projetos Ibas requerem a participação ativa dos três membros, afirmou o embaixador.

A África do Sul, que agora encabeça a secretaria rotativa do Ibas (responsável por coordenar as reuniões), organizará a próxima cúpula presidencial em outubro, perto da cidade litorânea de Durban. Antes, o Brasil realizará um seminário sobre a Sociedade da Informação, no Rio de Janeiro, nos dias 1º e 2 de setembro.

Há 16 grupos de trabalho em áreas específicas, disse Moura, como gestão pública, administração de renda, agricultura, turismo, assentamentos humanos, ciência e tecnologia, comércio, cultura, defesa, desenvolvimento social, educação, energia, meio ambiente, saúde, sociedade da informação e transporte. Segundo o embaixador, são espaços para troca de experiências e desenvolvimento de iniciativas comuns.

Em matéria de ciência e tecnologia, o Ibas lançou o programa chamado Ibasocean, do qual participam cientistas dos três países. “Também trabalham em um satélite”, e representantes do Ibas atuam em vários temas junto com a Organização Mundial da Saúde, destacou Moura. Envolverde/IPS