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Belize busca preservar recursos naturais da mudança climática

Pescadores de Belize conseguirão grandes benefícios graças ao projeto MCCAP, que busca ajudá-los a encontrar novas formas de ganhar a vida para diminuir o impacto da mudança climática em suas comunidades. Foto: Aaron Humes/IPS
Pescadores de Belize conseguirão grandes benefícios graças ao projeto MCCAP, que busca ajudá-los a encontrar novas formas de ganhar a vida para diminuir o impacto da mudança climática em suas comunidades. Foto: Aaron Humes/IPS

 

Cidade de Belize, Belize, 14/4/2015 – Um projeto de cinco anos começou a ser executado na Cidade de Belize em março, a fim de gerar alternativas para que as pessoas ganhem a vida considerando a mudança climática e seu impacto no desenvolvimento nacional.

O Projeto de Adaptação ao Clima e Conservação Marinha de Belize (MCCAP) tem dois objetivos: implantar estruturas que garantam a contínua preservação de áreas protegidas e garantir que os beneficiários que as usam recebam informação sobre os perigos da mudança climática e que os meios com os quais ganham a vida não danifiquem os recursos naturais.

Cerca de 203 mil ilhéus vivem em comunidades costeiras, tanto em centros urbanos, como as cidades de Belize, Corozal e Grangriga, e destinos às vezes pesqueiros e turísticos, como os povoados de Sarteneja, Hopkins, Sittee River, Seine Bight e Placencia. Para essas pessoas e para Belize “a mudança climática não é um problema ambiental. É um assunto de desenvolvimento”, disse o representante do Banco Mundial e especialista ambiental Enos Esikuri.

Esikuri observou que continuar se concentrando no aspecto ambiental significará “perder público” entre os que dependem do mar, seja os que se dedicam à pesca ou ao turismo. Afirmou que houve uma mudança na economia de Belize, de uma base puramente agrícola para uma de serviços, com o turismo como principal atividade, mas os recursos marinhos nos rios e no mar são parte integral do êxito desse modelo. Belize também deve dar atenção à intensificação dos sistemas climáticos e como os arrecifes protegem as frágeis comunidades e a costa, acrescentou.

A pesca representa 15% de seu produto interno bruto (PIB) de US$ 3 bilhões. Há cerca de 4.500 pescadores com licença, mas aproximadamente 18 mil belizenhos vivem da pesca. O turismo responde por quase 25% do PIB, e uma porção significativa da população que vive nas comunidades costeiras ganha a vida com essa atividade, afirmou Esikuri, lembrando que a barreira de coral e seus peixes são um recurso muito importante e ao protegê-la preserva-se o sustento de muitas pessoas.

O Ministério de Pesca, Silvicultura e Desenvolvimento Sustentável recebeu US$ 5,53 milhões do Fundo de Adaptação do Banco Mundial e o governo nacional entregou US$ 1,78 milhão para o programa que busca implantar medidas de adaptação climática e conservação marinha que priorizem o ambiente, para fortalecer a resiliência climática do sistema de arrecifes de coral de Belize.

O projeto do MCCAP investirá US$ 560 mil para conscientizar sobre os impactos da mudança climática e educar a população sobre o valor da conservação marinha e sobre como o fenômeno afeta suas vidas. O projeto vai explorar e desenvolver estratégias para ajudar as comunidades costeiras a serem mais resilientes à mudança climática, e fomentará intercâmbios entre populações para aprendizagem e adaptação ao aquecimento do planeta.

O projeto tem três componentes importantes: realizar melhorias nas atuais áreas protegidas em Corozal, no atol de Turneffe, e na ilha rasa e arenosa South Water em frente a Placencia, desenvolver empresas comunitárias em aquicultura, agricultura e turismo, e gerar consciência sobre o impacto climático e desenvolver e explorar estratégias de resiliência climática. A coordenadora do projeto, Sandra Grant, espera que, dos três, o segundo seja o de maior impacto.

“Vamos nos concentrar nas áreas marinhas protegidas e, ao mesmo tempo, começaremos atividades produtivas porque às vezes se as pessoas não veem as alternativas não acreditam no que se está tentando fazer. Embora sejam três componentes diferentes, decidimos implantá-los simultaneamente”, explicou Grant. As áreas protegidas selecionadas foram identificadas como prioritárias pelo projeto por sua contribuição ao ambiente.

Os pescadores e outros atores poderão aproveitar as novas estratégias para obter benefícios econômicos, como plantar algas marinhas, colher pepino do mar e diversificar o negócio com produtos aos quais acrescentem valor, pontuou Grant. Parte do projeto ajudará a financiar projetos comunitários para criar fazendas marinhas de pequena escala e tirar proveito da demanda mundial por seu uso em cosméticos, no setor farmacêutico ou de sorvetes.

Uma cooperativa em Placencia já começou a cultivar e secar algas marinhas para exportar. Os pepinos do mar, que se alimentam do fundo marinho, podem ser uma fonte de renda por ser uma cobiçada iguaria e por suas propriedades medicinais na Ásia, especialmente na China. Belize já exporta 400 mil libras por ano a um preço entre US$ 1,96 e US$ 3,92 a libra, embora o produto seco possa chegar aos US$ 150 a libra no mercado internacional. Já existe uma cooperativa que investiu nesse setor.

O santuário da vida silvestre da baía de Corozal, a reserva marinha do atol de Turneffe e de South Water terá vários dispositivos para ajudar na proteção de seus ecossistemas marinhos e costeiros, como criadouros de arrecifes nos dois últimos. Cada um dos componentes tem seu próprio orçamento e será implantado simultaneamente aos demais. Envolverde/IPS