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"Brasil necessita de ambiente regulatório favorável para empresas ganharem escala em suas boas práticas"

Marina Grossi fala na abertura do evento. Foto: Divulgação
Marina Grossi fala na abertura do evento. Foto: Divulgação

Realizado pelo CEBDS, evento reuniu mais de 800 pessoas, entre empresários, especialistas, representantes de ONGs, setor acadêmico, jornalistas, tomadores de decisão e governo

São Paulo, outubro – O “7º Congresso Internacional Sustentável 2015”, promovido pelo Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), reuniu nesta quinta-feira (8) cerca de 800 pessoas no auditório do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Com foco nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) e na Conferência de Clima de Paris (COP 21), os convidados foram instigados a dissertar sobre a nova agenda do desenvolvimento econômico e sustentável do planeta, além de responder a pergunta tema do Congresso: “O Futuro é Agora?”.

“O Brasil vive um momento chave para investir mais fortemente em uma economia de baixo carbono, considerando os compromissos ambientais que a presidente Dilma anunciou há duas semanas, em Nova Iorque. As empresas terão um papel chave para que isso se torne realidade. Para isso é preciso um ambiente que sinalize claramente quais os investimentos realmente serão incentivados. O objetivo desse evento é traduzir para as companhias e para o grande público como podem contribuir para o cumprimento dos ODS, fazendo com que ações e tecnologias sustentáveis sejam implementadas em seus negócios”, afirmou Marina Grossi, presidente do CEBDS.

O primeiro painel, moderado por Thereza Lobo, diretora do movimento Rio Como Vamos, foi composto por Ana Carolina Szklo, gerente de Projetos e Conteúdo do CEBDS; Claudia Lorenzo, vice-presidente de Relações Corporativas da Coca-Cola do Brasil; José Eli da Veiga, professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da USP e Marcelo Martinez, coordenador-geral do Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores. Durante a conversa foi questionado o papel das empresas no processo de desenvolvimento sustentável da sociedade e como as companhias podem ajudar com inovação, tecnologia e soluções de negócios para o tema.

Claudia Lorenzo destacou que é interesse das empresas que haja este engajamento. “A parte social e ambiental das empresas deve estar diretamente ligada aos interesses de lucratividade, para que haja engajamento no cumprimento das metas. Na Coca-Cola, nossas metas são todas norteadas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, afirmou.

SUSTENTAVEL 4Com o tema “O papel central da educação para sociedades sustentáveis”, o segundo painel reuniu Daniel Vargas, professor de direito da Fundação Getúlio Vargas; Maggi Krause, diretora da Fundação Victor Civita; André Barrence, sócio-diretor da plataforma de ensino Geekie, e Tião Rocha, presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD).

O desafio de qualificar a educação foi o tema abordado por todos os painelistas. A empatia e o compartilhamento de informações são os principais pontos para conseguir elevar a qualidade do ensino no Brasil, pois é impossível conseguir isso de forma isolada. O destaque do painel foi o discurso de Tião Rocha. De professor universitário, ele passou a ser educador em um projeto próprio, que leva educação para comunidades carentes do Maranhão, Minas Gerais e São Paulo. “Precisamos oferecer para as pessoas causas que as transformem. As pessoas gostam de aprender, mas odeiam estudar, pois as escolas se tornaram chatas com modelos hierárquicos definidos, assim como os presídios e manicômios”, disse.

Crescimento e prosperidade foi o tema central do painel de número três que teve como mediadora Marina Grossi, presidente do CEBDS. Entre os assuntos abordados pelos participantes, o destaque foi para o papel do setor financeiro como indutor de práticas responsáveis e para a valoração do carbono no Brasil. Paulo Stark, presidente da Siemens do Brasil, anunciou que a companhia tem metas de reduzir a emissão de carbono pela metade até 2020 e totalmente até 2030. O executivo afirmou ainda que a tecnologia não é empecilho para boas práticas sustentáveis. “A tecnologia existe e é acessível financeiramente, o problema, principalmente no Brasil, é que as empresas se sentem inseguras sobre investimentos com retorno acima de 30 meses, além de terem medo de mudanças em épocas de crise”, disse.

Para Nigel Topping, presidente do We Mean Business não há escassez de recursos financeiros, o que existe são barreiras psicológicas que inibem as oportunidades. “A hora é de agir. É preciso calcular os riscos e as oportunidades. Os investidores estão focados em empresas que oferecem baixo consumo de carbono”, diz. Peter White, diretor de Operações do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), também disse que o Brasil se beneficiaria com a precificação de carbono. “Esse tipo de iniciativa traz credibilidade internacional. Para mim soa estranho o Brasil ainda não fazer parte desse movimento”, concluiu.

O quarto painel foi marcado pela presença de Justine Bell, gerente sênior do Climate Bonds Iniciative. Segundo ela, os títulos verdes são títulos de empresas que se preocupam com o futuro e vez mais os investidores têm buscado este tipo de títulos. “Em 2013 os títulos verdes foram lançados no mercado e notamos uma diferença significativa na base de investidores. Não existe escassez de capital, mas existe uma transição notável de tipo de ações que os investidores buscam”, conclui.

(#Envolverde)