COP19 - Em movimento pelo clima

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VARSÓVIA – Global Power Shift, o movimento internacional de jovens sobre mudanças climáticas promove ações em cerca de 130 países.

A primeira fase do Global Power Shift (GPS) aconteceu em junho, na Turquia, e reuniu 500 jovens já envolvidos com o tema, além de 100 ativistas das mudanças climáticas responsáveis por formar esses jovens sobre: conduta em negociações (policy), mídia e comunicação, “artivismo”, ação direta não violenta e campanha digital. O evento foi promovido pela organização 350.org em parceria com outras entidades.

Foram seis dias de formação onde os jovens propuseram ações para realizarem em seus países, buscando conscientizar as comunidades locais. Para a polonesa Diana Maciaga, 28 anos, “o melhor do evento é o senso de comunidade e solidariedade compartilhado, visto que as mudanças climáticas afetam a todas as pessoas, de todos os países, independente de suas diferenças”.

Como parte das ações do Global Power Shift, os jovens do leste europeu organizaram na Polônia a COY9, conferência preparatória para a COP19, para incidir sobre as negociações entre os países. A COY9 conta com 320 participantes, de 60 países, sendo que, da América Latina, vieram jovens do Brasil, da Bolívia, do Peru, do México e de Porto Rico, que são minoria aqui, junto com os países da África.

Controvérsia

Na Polônia, aproximadamente 95% da energia provém da queima do carvão. Segundo Diana, “o governo e as pessoas, em geral, enaltecem as minas e usinas, pois consideram que elas garantem independência energética em relação à Rússia, de onde originalmente compravam sua energia”. Ao mesmo tempo, segundo Diana, o presidente do país defende que vai investir o mínimo possível em energia renovável, somente o exigido pela União Européia (UE), o que muitas vezes pode ser apenas colocar alguma substância no carvão para que sua queima cause um pouco menos impacto ambiental.

“Isso é uma incoerência! Mesmo sediando a COP19 parece que o governo só vai adotar medidas mais sustentáveis com forte pressão da sociedade civil.” Ela considera que já há grupos conscientes da importância da utilização de energia renovável, os quais têm pressionando o governo. Acontece que grande parte da sociedade polonesa ainda associa o carvão à soberania do país. O mesmo acontece no Brasil quanto ao petróleo.

Uma grande campanha lançada por algumas dessas organizações é a StopEP, Pare o Projeto Norte, contra a construção de uma usina de carvão ao norte da Polônia, em uma área de reserva ecológica. Além das importantes espécies da fauna e flora que habitam a região, há também um rio que é um dos poucos, senão o único da Europa, que ainda não teve seu curso alterado. Com a usina, a Polônia jogará na atmosfera mais 9,4 milhões de toneladas de CO2 por ano.

“O mais controverso é que Jan Kulczyk, o presidente da empresa que construirá a usina, a Kulczyk Investments, é um dos diretores da Green Cross International e membro da Climate Change Task Force!”, protesta Diana. Ironia do destino, essas iniciativas visam promover a sustentabilidade. A campanha está disponível em no site www.stopep.org, em polonês e inglês.

Fique ligado:

Climax Brasil – O grupo do GPS Brasil, composto pela Viração, a Renajoc, o Engajamundo, entre outras organizações, estão desenvolvendo o Climax Brasil, projeto que realiza ações diretas não violentas e campanhas de comunicação para sensibilizar os jovens e envolve-los no tema.

COY10 – Acontecerá no Peru, em dezembro de 2014, onde com certeza a América Latina e suas pautas serão melhor representadas.

CLIC! – Movimento Latino Americano e Caribenho para as Mudanças Climáticas acabou de ser criado em Bogotá e busca organizar os jovens dessa região para que suas pautas estejam representadas nas COYs e COPs.

* Emilia de Mattos Merlini é uma dos repórteres da Agência Jovem de Notícias, projeto encabeçado pela ONG Viração Educomunicação, que pretende levar propostas da juventude para serem contempladas pelos negociadores brasileiros durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP19).

** Para acompanhar a cobertura jovem da COP19 acesse também:  www.agenciajovem.org www.redmasvos.org. Os conteúdos serão produzidos em português, espanhol e italiano.