Comércio de energia renovável cresce mais em países em desenvolvimento

Energia solar. Foto: Pnuma
Energia solar. Foto: Pnuma

Relatório divulgado na Assembleia da ONU sobre Meio Ambiente mostra que avanço foi comandado pela China; mercado de bens e de serviços ambientais pode chegar a valer US$ 1,9 trilhão até 2020.

O comércio de energia renovável entre os países do eixo Sul-Sul está crescendo mais rápido do que entre as nações Norte-Sul, com a China liderando as negociações.

Este é o principal resultado de um levantamento divulgado esta quarta-feira na primeira Assembleia da ONU sobre o Meio Ambiente, que ocorre em Nairóbi, capital do Quênia.

Eólica

A capacidade de energia solar foi no ano passado um quarto maior do que em 2012. Apesar do declínio na Europa, o crescimento na China foi muito forte e os países em desenvolvimento contribuíram com um terço das novas instalações.

O setor de energias renováveis, como solar, hidráulica e eólica, cresceu 29,4% nos países do Sul-Sul, enquanto a média de comércio global foi de 26,7%.

Brasil

A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, está em Nairóbi e falou à Rádio ONU sobre a importância da criação de políticas de produção sustentável em vários setores, como o energético.

“Produção e consumo sustentáveis, que é uma agenda que vai requerer muitas inovações, muitos desafios políticos, mas é uma agenda de transformação, de comportamentos econômicos sociais e ambientais muito distintos, mas sob um guarda-chuva de um planeta mais sustentável. Eu acho que o Brasil vem com uma agenda muito robusta, nós estamos com o dever de casa em dia, somos o maior redutor de emissões. Acho que temos que converger essa agenda de biodiversidade, clima, questões de cidade, segurança alimentar, segurança energética, as tendências que definirão possivelmente o futuro.”

As instalações de energia movida à vento nas nações em desenvolvimento chegaram a valer US$ 1,3 bilhão entre 2008 e 2012, com as vendas da China liderando as transações.

África

Outra região com crescimento promissor foi a África, que importou US$ 342 milhões de geradores de energia eólica de outros países em desenvolvimento. África do Sul, Etiópia e Egito foram os maiores importadores.

Além disso, a China exportou para a África US$ 869 milhões em equipamentos para energia solar. Se forem consideradas as exportações chinesas para todos os países em desenvolvimento, o aumento no setor de energia solar foi de 145%, chegando a valer US$ 2,3 bilhões.

O relatório produzido pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, identifica mercados-chave para o comércio de bens e de serviços ambientais.

Bens e Serviços

O mercado de bens e de serviços ambientais pode chegar a valer US$ 1,9 trilhão até 2020, oferecendo aos países em desenvolvimento “uma oportunidade sem precedentes de liderar a transição para a economia verde”, segundo o Pnuma.

O diretor da agência, Achim Steiner, destaca que o mercado de tecnologias para energia renovável é um dos que cresce mais rápido no mundo. Ele avalia que o setor é crítico para a redução da emissão de gases de efeito estufa, para melhorar a segurança energética e criar empregos.

Água

A geração de postos de trabalho deve ser alta e o Pnuma sugere que até 2030, 20 milhões de pessoas poderão ter empregos no setor de energia renovável.

O relatório traz alguns dados sobre o mercado de tratamento e fornecimento de água, avaliado em US$ 50 bilhões. Há potencial de crescimento para os países em desenvolvimento e chances de fornecer água potável a 700 milhões de pessoas.

Outro destaque é para o comércio de comidas e bebidas orgânicas. Nos países do eixo Sul-Sul, esse mercado vale mais de US$ 63 bilhões e o Pnuma vê chances de mais crescimento regional, incluindo aumento das exportações para os países desenvolvidos.

O relatório pede maior cooperação de comércio no Sul-Sul, com foco em bens ambientais de baixo custo, redução ou eliminação de restrições de comércio e desenvolvimento de uma força de trabalho especializada.

* Publicado originalmente no site Rádio ONU.