Sociedade

Plurale comemora 12 anos com Seminário apresentando cases sustentáveis e realizando diálogo com jovens protagonistas. Abertura foi com o jornalista André Trigueiro

Por Nícia Ribas e Hélio Rocha/ Fotos de Luciana Tancredo/ Plurale

Hoje, 6 de novembro , a equipe de Plurale em revista e Plurale em site – dirigidos e editados pela jornalista Sônia Araripe – comemorou 12 anos de notícias com o Seminário 12 anos de Plurale – Compartilhando cases sustentáveis e Dialogando com jovens protagonistas, realizado no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças – IBEF-Rio.

Vice-Presidente do IBEF-Rio , Marcos Varejão, representando a Diretoria (muitos dos Diretores estavam presentes) deu as boas vindas para os convidados. “Plurale faz um trabalho sério como mídia ambiental. A sustentabilidade é um tema muito presente em nossa agenda”, afirmou.

A abertura do evento foi a palestra do jornalista André Trigueiroeditor do Programa Cidades e Soluções da GloboNews: “Ambientalismo em tempos de crise”. Ele também autografou o seu mais novo livro – “A força do um”.

Indignado com os absurdos oficiais cometidos recentemente contra o Planeta, o jornalista André Trigueiro iniciou sua fala no Seminário 12 anos Plurale, lembrando o leilão do pré-sal brasileiro, marcado para o mesmo dia 6 de novembro; o anúncio de saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris: e as ocorrências de temperaturas de verão em plena primavera: “Vivemos a maior crise ambiental de todos os tempos.”

Ele aproveitou para ressaltar o relevante trabalho realizado por Plurale ao longo de 12 anos no jornalismo sustentável e conclamou a plateia: “a gente precisa fazer mais e melhor e isso requer coragem. Corrupção e escravidão não têm dois lados. Ninguém vai defendê-las como atitudes legais. Da mesma forma, ninguém vai negar a ciência.Temos que ser sustentáveis sempre, começando dentro de casa com a coleta correta do lixo. Já temos o conhecimento, já sabemos quais ajustes são necessários. Agora temos que divulgar na escola do filho, na reunião de condomínio. Ser ecochatos mesmo.”

Para finalizar com otimismo, André Trigueiro afirmou que a “garotada está interessada na economia verde e as empresas já estão percebendo a mudança, pois os investidores não querem mais investir sem saber em que tipo de produto ou serviço. Eles não querem se arriscar a financiar quem destrói o Planeta.”

“Assim deixo para vocês o lado sombrio com o lado alvissareiro, com as bênçãos do Papa Francisco”, finalizou, tendo sido muito aplaudido pela plateia de cerca de 120 formadores de opinião. Trigueiro também autografou seu mais novo livro “A força do um”.

Empresas trouxeram boas novidades

O Vice-Presidente do INa sequência, a apresentação de cases sustentáveis inspiradores e com resultados consistentes.

Omar RodriguesGerente de Comunicação Institucional e Engajamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, revelou que sete espécies da fauna e da flora brasileiras levam o sobrenome Boticário, graças ao apoio que Fundação vem dando à pesquisa.

Dentre as iniciativas proprietárias, citou as áreas da Reserva Natural Salto Morato com 2 mil hectares e mais de 320 espécies, algumas endêmicas da Mata Atlântica, em Guaraqueçaba (PR); e a Reserva Natural Serra do Tombador, nordeste de Goiás, a 20 quilômetros da Chapada dos Veadeiros. As reservas estão localizadas nos dois biomas mais ameaçados do Brasil: Mata Atlântica e Cerrado. Em São José dos Pinhais (PR), onde começou o Boticário, o programa Viva Água está preservando os mananciais da bacia do Rio Miringuava, principal fonte de abastecimento de água do município.

O palestrante também apresentou o Case Oásis Lab Baía de Guanabara, um laboratório de inovação com o objetivo de integrar atores de diferentes áreas para desenvolver projetos que fortaleçam a segurança hídrica e a resiliência marítimo costeira na Baía de Guanabara a partir de Soluções baseadas na Natureza. O programa tem parceria com a Firjan e o Inea e visa formar alianças estratégicas para destravar soluções e projetos existentes, bem como desenhar projetos colaborativos, integrando agendas para a geração de impactos positivos na região hidrográfica e nos seus ecossistemas costeiros associados.

Leandro Lima, Gerente de Comunicação Corporativa da Arcos Dorados, operadora do McDonald`s na América Latina, acredita que é responsabilidade das empresas promover mudanças no mercado que favoreçam a preservação do Planeta. Seus 1 mil restaurantes no Brasil, recebem dois milhões de clientes. “Levamos conhecimento sustentável a eles.”

Decisões como a eliminação dos canudos plásticos envolvem os usuários que são convidados a dar alternativas para o uso ou simplesmente responder à pergunta: “precisamos mesmo deles?”

O executivo destacou que a própria produção do hamburguer é sustentável: “sem conservantes, sem corantes, sem óleo, feito com carne proveniente da pecuária sustentável”. Leandro é otimista, aposta nos jovens e na educação: “Com o Mc mudamos o mundo!”. E fez um anúncio durante o Seminário: ‘A partir de hoje só compramos ovos de galinhas livres de gaiola. Até 2025, pretendem que todos os animais estejam livres de gaiolas.”

Estevão BragaResponsável pela Área de Sustentabilidade da Ball Embalagens para Bebidas América do Sul, maior produtora de latas do mundo, com presença no Brasil há 30 anos, destacou a importância da Plurale “não só para o Rio, mas para o Brasil inteiro”.

Para reduzir a pegada e conter a sobre exploração do Planeta, que na metade do ano já entra no vermelho, Estevão disse que é preciso passar da economia linear, com o consumismo exacerbado, para a economia circular. No âmbito das latas de alumínio, “é mais fácil reciclar do que explorar a bauxita, transformar em alumínio e produzir as latas.”. A reciclagem deu certo porque todos levam vantagem, desde o fabricante até o catador, que está cada vez mais se profissionalizando. A reciclagem no Brasil já envolve 800 mil trabalhadores. São 27 bilhões de latas este ano, sendo 97% de reciclagem.

Entre as tendências futuras, Estevão anunciou a água em lata, que já existe no mundo e em breve chegará ao Brasil. “Temos fábricas em construção para atender a demanda crescente.” “Precisamos da atuação do consumidor para a preservação ambiental – hábitos saudáveis, bebidas naturais, embalagens recicladas ou reutilizadas, daí a importância do trabalho da Plurale. Para quem quiser conhecer mais a fundo os projetos da Ball, ele sugere acessar #vadelata.

Luiz Bressan Filho, Vice-presidente Administrativo e financeiro do Instituto Claro, apresentou o projeto Diálogos Gigantes, iniciativa de empoderamento e capacitação de jovens no Rio de Janeiro.

“Em fevereiro, no Theatro Net Rio, 37 jovens de diferentes regiões do Rio discutiram novas ideias para transformar. E se comprometeram a levar para suas comunidades informações sobre inovação e tecnologia para um futuro sustentável. Os Diálogos Gigantes começaram em 2018 com o objetivo de promover encontros e trocas entre diferentes públicos. O primeiro ocorreu em fevereiro de 2018, no Theatro NET Rio, e debateu a importância da educação na formação do cidadão e na consolidação da paz”.

Samantha Souza , Gerente de Impacto Social da Gastromotiva, encantou a plateia do Seminário #plurale12anos falando da Gastromotiva , patrocinada pela Accor e outras empresas . Ela mostrou a ação para combater a fome a dar oportunidade para jovens carentes com curso gratuito de Gastronomia .

Ela contou que a Gastromotiva foi fundada em 2006 pelo chef e empreendedor social David Hertz, e é cocriadora do Movimento da Gastronomia Social. Trata-se de uma iniciativa global que articula as melhores práticas e integrantes da sociedade, empresas, governos e agências internacionais em torno do potencial transformador da comida. Fome, desperdício, falta de oportunidades e má nutrição são desafios globais que demandam ações conjuntas.

E emocionou a todos ao contar a vivência de jantares servido por voluntários para os convidados – moradores de rua – na Lapa, área Central do Rio.

O Seminário Plurale 12 anos teve o patrocínio de: Accor, Ball, Bradesco, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Instituto Claro e McDonald`s/ Arcos Dorados.

Jovens protagonistas de mudanças

Na segunda parte do evento, foi a vez do diálogo de quatro jovens de diferentes origens geográficas e sociais, porém um objetivo em comum: perpetuar a marcha por um mundo mais solidário e preocupado com causas sociais e ambientais. Sentados diante de uma plateia, em clima descontraído, eles se reuniram em círculo, tendo a jornalista Sônia Araripe, Editora de Plurale ao centro, como mediadora. Iniciaram um debate, apresentando seus projetos e discutindo ideias sobre como construir o mundo que desejam:

Maria Vitória de Santana Pessoa tem apenas 18 anos, mas já ajuda a coordenar um projeto relevante na periferia do Recife, em Pernambuco, o Cantos de Leitura da comunidade de Imbiribeira. O Cantos de leitura é uma iniciativa patrocinada pela Ball Corporation, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, que busca proporcionar o contato de catadores de material reciclável e de toda a comunidade do seu entorno com a literatura e, por isso, constrói bibliotecas populares em cooperativas de materiais recicláveis. Ao todo, já foram inauguradas 12 bibliotecas no Brasil: Rio de Janeiro, Amazonas, Distrito Federal, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Recife. Os espaços contam com um acervo de 1200 livros de diferentes temas e também são realizadas atividades lúdicas – tendo o livro como principal agente – para estimular a educação entre os cooperados e a comunidade do entorno. O Cantos de Leitura em Recife está situado na Cooperativa de catadores Pro-Recife e atende aproximadamente 60 crianças por dia. A biblioteca serve como espaço de atividades extraescolares, podendo o aluno ficar na biblioteca da hora em que deixa a escola até o final da tarde, ou desde as 8h da manhã até ir à escola, caso estude à tarde. No entanto, a adesão das crianças é tamanha que, muitas vezes, o horário se estende. “É maravilhoso, porque quando uma criança ou adolescente está ali, está segura dos perigos que a rua representa”, afirmou. Sobre o conteúdo de seu projeto, ela ressaltou que quer espalhar a leitura, que mudou sua vida e pode também transformar a de muitos outros jovens. “Quando a gente abre um livro, é uma nova história que a gente está abrindo. Por isso, a gente vai sempre melhorando.”

Do Rio de Janeiro são os outros três, a começar por Karim Silvano Elwasiaa, que também mal passou dos 18 anos, formou-se em Técnico de Telecomunicações no Programa Dupla Escola, patrocinado pelo Instituto Claro em Pedra de Guaratiba. Destacou-se tanto que acabou sendo selecionado, ao se formar, para participar do Diálogos Gigantes, iniciativa do Instituto Claro, que reúne jovens para debaterem questões ligadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, como educação e diversidade. Trabalhando com inteligência, Karim e seus parceiros no Diálogos estão pensando a sociedade e a comunidade no seu entorno, dialogando com as pessoas, andando pelas comunidades e questionando: “que tipo de projetos sociais nós podemos criar aqui?”. Karim estuda moda, e um de seus principais incentivos é à população que vive da costura: “A gente não para e pensa, mas tem uma rede imensa de pessoas que dependem economicamente da costura para viverem, muito longe do glamour das grandes marcas. Essas pessoas precisam de suporte, facilitação para compra de materiais, melhoria de maquinário, logística, e podem se organizar para pleitear esse apoio.

Outro jovem presente foi Claudio Vinicius Costa, 23, que trabalha no McDonald’s e participa do Programa “ComMc Mudamos o Mundo”, que incentiva soluções sustentáveis que impactem as comunidades. Claudio estudou e com um grupo de colegas de trabalho decidiram espalhar “tetos verdes”, isto é, realizar a instalação de jardins suspensos sobre lajes descobertas ou quaisquer áreas cinzentas onde seja possível, dentre as muitas espalhadas pela cidade. “Utilizamos banners de publicidade que eram descartados de forma incorreta e usamos como impermeabilizador para criação de áreas de teto verde, o que diminui a temperatura e a poluição visual de muitas áreas do Rio, especialmente as mais carentes.” Ele contou que o primeiro teste do projeto foi realizado na Casa Ronald do Rio, que dá apoio a família de crianças com câncer, e deu muito certo. “Poder olhar para uma criança em dificuldades sérias de saúde e vê-la feliz, pela oportunidade de, presa dentro de um quarto, olhar todo dia um jardim pela janela, é algo que faz a gente pensar que é capaz. Podemos transformar muita coisa.”

Por fim, Rodrigo Sardinha, 31, é cozinheiro do projeto Refettorio e Gastromotiva, que ajuda a desenvolver a consciência alimentar e a produção de alimentos pelo mundo, sempre tendo por objetivo a sustentabilidade. Através do conceito de “gastronomia social”, o projeto busca ensinar as pessoas a aproveitar melhor os alimentos e evitar o descarte desnecessário, a fim de combater a fome e a má nutrição. Deste modo, o faz através do Refettorio, espaço que recebe estudantes, pessoas de outros restaurantes, quaisquer trabalhadores relacionados a um ponto da produção de alimentos, para transmitir o conceito de gastronomia social.

“A busca é por aproveitar o alimento de forma mais integral, mas ainda com os cuidados de sempre, inclusive com a apresentação, já que se come com os olhos também”, disse Sardinha, completando: “Através do conhecimento as pessoas terão uma alimentação mais nutritiva.” O projeto existe em seis cidades de quatro países do mundo (Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro – Brasil – além da Cidade do México, San Salvador em El Salvador, e Cidade do Cabo na África do Sul).

Para encerrar, Sônia convergiu as palavras dos convidados ao pedir uma resposta rápida sobre um tema: educação. As respostas se completaram. Para Sardinha: “fundamental”. Vitória disse “essencial para a transformação”. Karim respondeu: “um norte. Descobrir uma paixão”. Por fim, Claudio completou: “o que eu faço no dia a dia”. Em comum, um mesmo conceito, de que a educação é o único caminho preciso para um futuro melhor.

Lançamento de Nova Seção Estudo de Caso

O evento marcou também o lançamento de nova seção na Revista e no site – Estudo de Casos. E teve ainda exposição de fotos de Luciana Tancredo, Editora de Fotografia de Plurale, com os melhores momentos da revista em um tour por diferentes biomas do Brasil – Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pampa e Zonas Litorâneas.

Plurale em revista e Plurale em site – Há 12 anos acreditando na sustentabilidade como tema principal das histórias que vêm contando, Plurale em revista e em site, dirigidos pela jornalista Sônia Araripe, vêm divulgando histórias de pessoas, empresas e projetos, abordando temas relacionados ao meio ambiente e iniciativas de cidadania, ação e cultura. Conquistou vários prêmios ao longo da trajetória, destacando-se os mais relevantes o Prêmio de Mídia Segmentada da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) em 2017 e o Primeiro lugar da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores e Bicicletas), em 2008.