Internacional

Brecha digital aprofunda exclusão

Captura na tela de um telefone celular do aplicativo Conheça Havana, durante o seminário internacional Internet e Economia, Perspectivas e Oportunidades Para o Futuro Cubano, patrocinado pela Embaixada da Noruega em Havana. Foto: Jorge Luis Baños/IPS
Captura na tela de um telefone celular do aplicativo Conheça Havana, durante o seminário internacional Internet e Economia, Perspectivas e Oportunidades Para o Futuro Cubano, patrocinado pela Embaixada da Noruega em Havana. Foto: Jorge Luis Baños/IPS

Por Tharanga Yakupitiyage, da IPS – 

Nações Unidas, 26/2/2016 – Até 2020, cerca de 3,8 bilhões de homens e mulheres em todo o Sul em desenvolvimento estarão conectados à internet por meio de seus telefones celulares, mas 40% da população mundial ainda não terá acesso a ela.“A brecha digital continua sendo um abismo que deixa as pessoas pobres, as de zonas rurais, e um desproporcional número de mulheres, perdidas do lado equivocado”, afirmou David Nabarro, assessor do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para temas de desenvolvimento sustentável, aos participantes do Congresso Mundial de Telefonia Móvel, realizado na Espanha.

“Os telefones celulares não contribuem apenas para o desenvolvimento, também são uma dimensão importante dele”, acrescentou Nabarro. O encontro,realizado entre os dias 22 e 25, reuniu cerca de 400 representantes de governos e do setor empresarial para discutir o papel da tecnologia móvel no fornecimento de serviços essenciais, bem como medidas para incluir os que ainda não estão conectados.

Ao apresentar a mensagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Nabarro destacou a necessidade de se fechar a brecha digital. “Agora que nos dispomos a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), espero que essa indústria trabalhe com os governos e a comunidade internacional para expandir a conectividade, eliminar as barreiras ao acesso, e garantir que as ferramentas e os aplicativos se desenvolvam incluindo as comunidades vulneráveis”, afirmou.

Segundo a União Internacional deTelecomunicações (UIT), cerca de 4,3 bilhões de pessoas no mundo não usam internet, das quais 90% residem em países em desenvolvimento.O acesso à internet por telefones celulares aumenta de forma sustentada, mas a brecha entre as nações ricas e os países em desenvolvimento continua sendo grande, com 84% da população conectada, no primeiro caso, e 21% no segundo.

E, ainda no primeiro, há uma brecha entre as populações rurais e as urbanas, e entre homens e mulheres.No meio rural, a causa é a falta de sinal, revelou a UIT no informe Medindo a Sociedade da Informação. No final de 2012, ainda havia 450 milhões de pessoas no mundo que viviam em áreas sem sinal. Além disso, nos países em desenvolvimento, as mulheres têm quase 25% menos acesso à internet do que os homens.

Ban também pediu urgência às indústrias do setor para colaborarem no uso dos dados de forma responsável com fins humanitários e de desenvolvimento. O secretário-geral citou, em particular, o êxito da iniciativa UN Global Pulse, que estuda como se pode usar os dados móveis para mapear e reduzir a propagação da insegurança alimentar, criar planos informatizados de resposta e gestão de desastres para compreender as consequências da mudança climática.

No Congresso, a Fundação Vodafone apresentou um novo equipamento chamado Instant Charge, um carregador móvel portátil que pode recarregar até 66 dispositivos por vez e que foi criado considerando o enorme número de refugiados com telefones inteligentes, mas com limitada infraestrutura para recarregá-los nas costas europeias.

“Quando a Fundação Vodafone, junto com o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), estudou como ajudar (no contexto da atual crise humanitária), um dos pedidos de um deles foi:‘como posso recarregar meu celular?’”, contou o gerente de programa de redes instantâneas, Oisin Walton.

Outro assunto importante é a disponibilidade da internet sem fio nas ilhas gregas de Lesbos e Samos, para que os refugiados compartilhem informação vital sobre os traficantes de pessoas e rotas seguras para a Europa.Os ODS incluem metas para aumentar a disponibilidade e o acesso às tecnologias da informação e da comunicação. Envolverde/IPS