Banco Mundial aumentará investimentos para cortar poluentes de vida curta

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Reduzir as emissões de fuligem, metano e hidrofluorcarbonos seria uma das maneiras mais velozes e práticas para frear o aquecimento global e promover o desenvolvimento sustentável, afirma a entidade.

Entre 2007 e 2012, 7,7% dos investimentos do Banco Mundial, aproximadamente US$ 18 bilhões, teriam sido destinados para iniciativas que de alguma forma reduziram as emissões dos chamados poluentes climáticos de vida curta (PCVC, ou em inglês SLCP), que são componentes importantes para o efeito estufa.

A intenção é que essa porcentagem aumente daqui para frente, com um novo relatório da entidade apontado que é fundamental lidar com esses poluentes para evitar as piores consequências das mudanças climáticas.

“Enquanto continuamos – e devemos continuar – a reduzir as emissões de dióxido de carbono, esforços para cortar os poluentes de vida curta podem ter um efeito imediato em frear o aquecimento global. Da nossa perspectiva, uma ação agressiva nesse sentido é essencialmente importante, já que fornece aos nossos clientes, os países em desenvolvimento – especialmente os mais pobres e vulneráveis –, uma oportunidade para se adaptar às mudanças climáticas”, afirmou Rachel Kyte, vice-presidente para Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial.

“Além disso, reduzir esses poluentes representa ganhos para a saúde, agricultura e outros benefícios para o desenvolvimento”, completou.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), ações abrangentes para cortar os PCVCs podem evitar a morte prematura de 2,4 milhões de pessoas anualmente devido a doenças respiratórias e à perda de 32 milhões de toneladas de alimentos.

Ainda segundo o PNUMA, um aumento de 0,5ºC na temperatura média do planeta pode ser evitado até 2050 se as emissões de PCVCs caírem drasticamente nas próximas décadas.

Projetos

Nos anos analisados pelo relatório, alguns projetos ganham destaque e podem ser considerados modelos para as novas iniciativas que querem buscar financiamento com o Banco Mundial.

O projeto de Desenvolvimento Sustentável Rural do México, por exemplo, recebeu US$ 100 milhões para a instalação de 300 biodigestores em pequenas propriedades, especialmente de suinocultura, para a geração de energia. Dessa forma, foram reduzidas as emissões de metano dos dejetos dos animais e da queima de diesel nos geradores tradicionais.

Já no Sudeste Asiático, a prioridade foi a troca dos tradicionais fornos por modelos mais modernos, que não precisam queimar carvão, madeira ou resíduos agrícolas. Cerca de 665 mil pessoas morrem prematuramente na região por causa de doenças respiratórias relacionadas com a poluição do ar dentro das residências.

Trabalhando em conjunto com o governo da Mongólia, o Banco Mundial disponibilizou US$ 22 milhões para a troca desses fornos, reduzindo as emissões de PCVCs em 95%. Os ganhos para o governo local com a economia em saúde é de US$ 515 por ano para cada forno trocado.

Entre os projetos no Brasil, aparece o Gerenciamento de Resíduos Sólidos e de Financiamento de Carbono, realizado em parceria com a Caixa. O relatório afirma que US$ 50 milhões foram disponibilizados através da Caixa para que fossem investidos no tratamento de resíduos sólidos em municípios. O processo inclui a geração de créditos de carbono com a redução das emissões de metano.

O Banco Mundial conclui que, com um investimento de apenas US$ 10 por tonelada, seria possível reduzir as emissões de PCVCs em 8,2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente. Esses dados já foram apresentados para o G8.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.