Clima

Que a COP21 de Paris seja uma Ode à Alegria

Capa: Uma metáfora do caminho para a COP-21. Foto: YongLinTan - Sony World PhotographyAwards 2015
Uma metáfora do caminho para a COP-21. Foto: Yong Lin Tan – Sony World Photography Awards 2015

Por Lúcia Chayb e René Capriles –

A edição de agosto de 2015 da Eco21, uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, traz excelentes textos. Confira!

Editorial

O tema da mudança climática e a sua relação com a energia, alimentação, produção industrial, pecuária e o bem-estar geral, foi definitivamente incorporado por todos os seguimentos da sociedade. No Brasil e no mundo a questão de limitar as emissões de carbono ultrapassou a fronteira da ciência e da diplomacia para penetrar no universo político, empresarial, religioso, social e cultural. A Encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco incorporou um contingente de bilhões de pessoas de todos os credos para a luta contra o aquecimento global.

Já faz muito tempo que a solitária voz do climatologista James Hansen advertia no Congresso dos EUA, em 1988,que o Planeta estava indo para um ponto sem retorno. Hoje até parece ingênuo seu premonitório depoimento. Al Gore, poucos anos após sua extraordinária luta para deter o crescimento do Buraco de Ozônio inventou o espetáculo climático ao elaborar a série de palestras denominada “Uma verdade inconveniente”, transformada depois em livro e filme. Saindo do âmbito das universidades a denúncia de Gore penetrou as mais altas camadas da política e do empresariado mundial.

O capítulo mais recente dessa empreitada é a reinvenção da música contemporânea pelo compositor Giorgio Battistelli ao estrear no Teatro Alla Scala a ópera “O2” que segue o roteiro do livro de Al Gore. E as vozes aumentam no coro da mudança climática: Dalai Lama, o Patriarca Bartolomeu I da igreja ortodoxa, as lideranças do mundo islâmico, etc. definitivamente o tema do clima terá seu grand finale durante a COP-21, em Paris, no final deste ano; encontro que mudará a história do Planeta.

Mesmo o Brasil, que esteve tão acanhado nas Conferências das Partes da Convenção sobre o Clima dos últimos anos, agora está tratando de superar o trauma gerado pela corrupção política e se prepara para mostrar ao mundo o desejo nacional de assumir um compromisso sério no combate ao aquecimento global. A Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, declarou, no dia 10 deste mês, que as ações realizadas pelo Governo Federal ultrapassam as metas apresentadas pela comunidade internacional. Até Outubro, os signatários da Convenção sobre Mudanças Climáticas devem submeter as metas nacionais de corte de emissões de gases de Efeito Estufa. Esses documentos traduzem o compromisso de cada país com a adoção de soluções ambientais capazes de promover a sustentabilidade das economias.

Dois dias depois, no Itamaraty, a Presidenta Dilma Rousseff destacou ainda que o Brasil chegará à COP-21 com uma ambiciosa proposta em relação ao desenvolvimento sustentável. Ela prevê o prosseguimento da redução do desmatamento e das emissões de Gases de Efeito Estufa nas mais variadas áreas,energética, industrial, agrícola, em linha com a diversificação maior também das fontes que geram energia, em especial das energias renováveis. Ela afirmou que “temos consciência de que o Princípio das Responsabilidades Comuns, porém Diferenciadas, preserva e faz justiça ao fato dos países em desenvolvimento, emergentes, terem começado seu desenvolvimento de forma tardia”. Apontou ainda que o Brasil teve a liderança de assumir o arrojado objetivo-meta de redução voluntário de 36% da emissão de GEE e lembrou ainda os significativos avanços obtidos na RIO+20, “sem dúvida, a mais importante reunião realizada pela ONU quando definimos a necessidade de estabelecimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

Poucos dias depois a Presidenta Dilma e a Chanceler Angela Merkel emitiram uma declaração conjunta sobre mudanças climáticas na qual o Brasil admitiu, pela primeira vez, que os combustíveis fósseis não poderão durar para sempre. A Presidente aceitou assumir o compromisso de descarbonizar a economia nacional num longo prazo “no horizonte de 2100”.

Os coreutas desta tragédia inconveniente deveriam ouvir bastante a ária “A Rainha da Noite” para liberara fúria vingativa e os versos da “Ode à Alegria” celebrando a amizade entre os homens: “sigam, irmãos, suaórbita, alegres como heróis após a vitória. Abracem-se milhões de irmãos!”

Gaia Viverá!

Índice

04 Eduardo Viola – Eleição nos EUA pesa mais do que o acordo do clima
06 Carlos Rittl – No jogo do clima, mais um gol da Alemanha
08 Maria Luiza Campos – Marina Silva: o paradigma socioambiental vai mudar
10 Claudio Angelo – Entrevista com Eduardo Viola
14 José Eli da Veiga – O Planeta daqui pra frente
16 Andréa Copolilo – Rio será palco inicial para inovações dos ODS da ONU
18 Sergio Trindade – Mudança climática, energia e oportunidades de negócios
20 Washington Novaes – Energia nuclear: quem ouve as advertências?
22 Ricardo Baitelo – A Lava Jato vai limpar nossa matriz energética?
24 NeuzaÁrbocz – Empresas lançam Carta Aberta sobre mudanças climáticas
28 Nelza Oliveira – Rio fará Fórum Internacional de Mobilidade por Bicicleta
29 André Trigueiro – A maior vitória do cicloativismo
30 Marcus Eduardo de Oliveira – Decrescimento ou morte!
32 Jaime Gesisky – PL ameaça futuro hídrico, climático e a biodiversidade
34 Luciete Pedrosa – Inaugurada a Torre ATTO para pesquisa ambiental
36 Lúcia Chayb – Entrevista com Carlos Minc
38 Ronna Kelly – 13 de Agosto Dia de Sobrecarga da Terra
40 Emilio Godoy–O Papa Francisco entra na luta contra os transgênicos
42 Marcia Hirota e Marcos Palmeira – Brasil: potência orgânica?
44 Silvio Crestana – Recuperar os solos para conservar reservas de água
46 TaraAyuk – Legislação põe em risco o futuro das áreas úmidas
48 KumiNaidoo – Hiroshima e Nagasaki: lembrando o poder da paz
50 Albert Camus – Entre o inferno e a razão

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