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Olimpíadas Rio 2016 sem saneamento, mas com coleta seletiva

Parte do Mural Etnias para as Olimpíadas Rio 2016. Arte: Eduardo Kobra
Parte do Mural Etnias para as Olimpíadas Rio 2016. Arte: Eduardo Kobra

Uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, a ECO 21, do mês de julho traz excelentes textos. Veja abaixo do editorial o índice da edição.

Por Lúcia Chayb e René Capriles –

As Olimpíadas do Rio de Janeiro ficarão na história dos Jogos Olímpicos pelos grandes contrastes ecológicos. No campo dos resíduos sólidos, por exemplo, esta é a primeira vez que o Comitê Olímpico incluiu catadores de materiais recicláveis nos serviços de coleta seletiva. O lançamento da iniciativa “Reciclagem Inclusiva: Catadores nos Jogos Rio 2016” oficializado na sede da cooperativa Ecoponto, no Rio já é um dos marcos ambientais desta Olimpíada. A parceria, que é resultado de um entendimento entre a Rio 2016, os Ministérios do Meio Ambiente e do Trabalho, a Secretaria Estadual do Ambiente, além da iniciativa privada. Segundo a Diretora do Departamento de Consumo Sustentável do MMA, Raquel Breda, em depoimento à jornalista Marta Moraes, a gestão adequada dos resíduos sólidos é um dos eixos do Programa de Sustentabilidade dos Jogos Olímpicos 2016, cuja organização adotou a gestão do ciclo da geração até a destinação final em todas as fases das competições. O trabalho será executado por catadores das redes Movimento, Recicla Rio e Federação das Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis e suas filiadas. Além dos catadores envolvidos na iniciativa serem remunerados durante a ação, todo o material reciclável será destinado às associações e cooperativas selecionadas. A estimativa dos organizadores é que durante os Jogos sejam geradas cerca de 3,5 mil toneladas de materiais recicláveis sendo 100% encaminhados para reciclagem. No outro extremo desta visão otimista muitos ambientalistas registraram a sua decepção. O jornalista Mario Osava, escreveu em sua coluna da IPS: “A grande frustração dos Jogos Olímpicos, será o não cumprimento de metas e promessas de saneamento ambiental dos seus corpos de água. Perdeu-se a oportunidade de dar um empurrão decisivo na descontaminação da emblemática Baía de Guanabara e das lagoas da cidade, tal como estabelecia o plano com que a cidade ganhou o direito de ser sede da Olimpíada 2016”. Despoluir 80% dos efluentes lançados na Baía de Guanabara era a meta prevista pelo projeto olímpico. “Chegamos a 55 por cento”, declarou o Ministro do Esporte, Leonardo Picciani, num encontro com jornalistas estrangeiros. Já o biólogo e ativista ambiental, Mario Moscatelli, dando voz ao ceticismo dos ambientalistas, advertiu: “só creio no que vejo: dos 55 rios da bacia, 49 se converteram em cursos de efluentes sem vida”. “A meta de 80% não era realista. Limpar totalmente a Baía exigiria de 25 a 30 anos, com investimentos equivalentes a US$ 6 bilhões em saneamento”, admitiu o Secretário do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, André Correa, ao inaugurar, mais uma ecobarreira num dos rios que desembocam na Baía de Guanabara. Em depoimento à Envolverde, o ecologista fundador do Movimento Baía Viva, Sergio Ricardo de Lima, destacou:“A Baía recebe 90 toneladas de lixo e 18 mil litros de esgoto sem tratamento por dia, principalmente através dos rios e canais que desembocam em suas águas. A descontaminação da Baía de Guanabara é um velho sonho; foi a meta de um projeto iniciado em 1995 e que já custou 3 bilhões de dólares, mas não foi evitada a deterioração ambiental da água e das praias locais. Foram construídas ou ampliadas oito estações de Tratamento de Efluentes para melhorar a qualidade de sua água, mas sempre operaram com pequena parte de sua capacidade, porque não foram construídos os troncos coletores necessários para recolher o esgoto e levá-lo às ETEs”. Talvez a melhor imagem desta iniciativa de reciclagem seja a revitalização do porto do Rio e o simbólico mural do maior nome do grafite mundial, Eduardo Kobra, no qual homenageia a etnias do mundo renovando e redignificando uma região que era considerada “um lixo”. Segundo Kobra, a iniciativa dá visibilidade a criadores que, como ele, vêm da periferia.

Gaia Viverá!

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10 Mauro M. O. Santos – Sobre as emissões de GEE vinculadas ao desmatamento
12 Paulo Artaxo – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Antropoceno
14 Roberta Caldo – ONU lança o primeiro Relatório dos ODS
15 Shereen Zorba – Governos podem reverter danos ambientais
16 Alicia Bárcena – Três passos para o desenvolvimento sustentável
18 Marina Grossi – A precificação de carbono entra no mercado brasileiro
20 Richard Smith – Capitalismo verde, deus fracassado
22 Eduardo Gudynas – A esquerda precisa incorporar a visão ecológica
24 Achim Steiner – Como acender a luz para bilhões de seres humanos?
28 Myrna Cunningham Kay Kain – A mudança de atitude a favor dos indígenas
30 Leonardo Boff – O indígena, aquele que deve morrer
32 Carlos Dias – 30% dos solos do mundo estão degradados
34 Washington Novaes – Agrotóxicos: liderança indesejável
36 Diana Quiroz – Entrevista com Victor M. Toledo
40 Tasso Azevedo – O Grande Plano da Tesla
41 Edson Watanabe – Ciência, tecnologia e inovação: uma decisão de alto custo
43 Isabela Vieira – Rio 2016 quer compensar 2 milhões de t de carbono
44 Marcia Hirota – A Mata Atlântica invisível nas áreas urbanas
46 Nurit Bensusan – Galinhas: metáfora do novo marco do patrimônio genético
48 José Monserrat Filho – Um pioneiro da privatização das riquezas do espaço
50 Sarney Filho – Face aos críticos desafios do Semiárido brasileiro

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