Ambiente

Design da Mata lança vivência pioneira e amplia renda de comunidades

Comunidade Baré. Foto: Design da Mata
Comunidade Baré. Foto: Design da Mata

Empreendimentos que oferecem soluções em escala para problemas sociais e ambientais de populações de baixa renda, também conhecidos como Negócios de Impacto, fazem parte de um setor relativamente novo, mas que começa a ganhar consistência no Brasil.

De acordo com uma estimativa feita pelo “Mapa do Setor de Investimento de Impacto no Brasil” em 2014, fundos dedicados a aportes em empreendedores de impacto pretendem aumentar em até 50% o valor destinado a negócios dessa área e dobrar o número de empresas que têm em suas carteiras.

Pesquisa feita pela Ande (Aspen Network of Development Entrepreneurs), pela LGT Venture Philantropy, pela Quintessa Partners e pela Universidade de St. Gallen revela que fundos especializados querem captar US$ 150 milhões para destinar a negócios de impacto social em 2014 e 2015, quase o mesmo montante arrecadado nos últimos dez anos. Nesse período, US$ 177 milhões foram captados, dos quais US$ 74,6 milhões foram investidos em 68 empresas brasileiras.

Aqui no país, temos de exemplo o Design da Mata, uma causa social que apresenta há 5 anos, uma experiência pioneira capaz de trazer um modelo de atuação diferente na cadeia produtiva da produção artesanal aliada ao conhecimento tradicional. Uma nova maneira de comercializar o artesanato feito por comunidades dos mais diversos biomas brasileiros. Mais do que vender, o núcleo quer contar histórias, criando uma vivência à sociedade, sobre o processo produtivo do começo ao fim.

Artesão. Foto: Design da Mata
Artesão. Foto: Design da Mata

Tudo começou depois de uma viagem de ecoturismo pela Amazônia para vivenciar a arte e a vida local, feita por um grupo de jovens empresários que sentiu o impulso de conectar artesãos da floresta com o contexto urbano de São Paulo através de seu saber fazer.

O movimento começou com edições anuais de fim de ano, em formato de bazar em São Paulo, através da comercialização consciente de artesanato e promoção de manifestações artísticas, culturais e gastronômicas dessas comunidades. O projeto tem iniciativa de Mônica Barroso e Marina Fay (direção executiva), Marcela Pagano Herz (comunicação e marketing), Graziela Pinto (direção artística e novos projetos), Fernanda Pereira (gestão administrativo-financeira), Ricardo Leal (programação cultural), além da equipe da Unidade de Negócios do IPÊ, Instituto de Pesquisas Ecológicas.

A edição de 2011 arrecadou R$ 18 mil, saltando para R$ 146.000 em 2014, sendo a maior parte do valor arrecadado revestida para remunerar os artesãos, cobrir custos do evento e formar caixa para a próxima edição. Desde 2015, o núcleo tem 2 investidores-anjo que estão apostando no potencial do Design da Mata como um negócio de impacto inovador.

No começo deste ano, o projeto deu um novo passo e passou a integrar à unidade de negócios do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, uma organização não governamental brasileira que trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios. “O IPÊ assumiu a coordenação do Design da Mata porque acredita no seu formato inovador de aproximação do artesão com o público consumidor, o que amplia a possibilidade de divulgação dos seus produtos, projetos e regiões”, esclarece Andrea Peçanha, coordenadora de negócios do Instituto. “Além disso, existe o impacto socioambiental, uma vez que a comercialização é um dos grandes gargalos dos projetos de geração de renda”, completa Andrea.

Artesanato de Baré. Foto: Design da Mata
Artesanato de Baré. Foto: Design da Mata

Outro passo é que Design da Mata passa a ter duas edições por ano, sendo que a última ocorreu no museu do objeto brasileiro A CASA em maio, que mesmo com caráter experimental, superou as expectativas de vendas, com o faturamento de R$66 mil, dos quais aproximadamente R$40 mil correspondem à parcela repassada aos grupos de artesãos. Por ser uma edição inédita, o faturamento menor do que a edição de Natal é esperado, e contou com a participação de 17 parceiros, beneficiou cerca de 300 artesãos, de 30 comunidades diferentes, representando 13 estados brasileiros.

O projeto já contou com importantes instituições sociais, como o Instituto Atá, do Chef Alex Atalla, o instituto A Gente Transforma, do Marcelo Rosenbaum, o Projeto Saúde & Alegria (Santarém, PA), A CASA e o Instituto Meio, sendo estes 3 últimos os que representam um número significativo de artesãos, entre outros parceiros de peso. Com todos estes avanços, a rede Design da Mata passa a ter mais estrutura para ampliação e fortalecimento do projeto em diferentes plataformas, com agenda anual de intervenções e imersões às comunidades parceiras, tal como desenvolvimento de novos produtos. A marca busca novos investidores e estudam a possibilidade de vendas online em função da demanda crescente.