Internacional

ODS podem ajudar a alcançar fome zero

Juan Reyes em sua propriedade de Cotorro, em Cuba. Esse país do Caribe tenta aproveitar suas experiências na agricultura urbana para enfrenar o desafio da segurança alimentar. Foto: PatriciaGrogg/IPS
Juan Reyes em sua propriedade de Cotorro, em Cuba. Esse país do Caribe tenta aproveitar suas experiências na agricultura urbana para enfrenar o desafio da segurança alimentar. Foto: PatriciaGrogg/IPS

Por Paloma Durán* 

Nações Unidas, 18/1/2016 – Não é nenhuma novidade que 795 milhões de pessoas, ou uma em cada nove, estão subalimentadas em todo o mundo. A proporção aumenta para mais de uma em cada grupo de oito nos países em desenvolvimento. A fome mata todos os anos mais pessoas do que HIV/aids, tuberculose e malária juntos. Nesse contexto, a indústria alimentar, importante fonte de emprego e geração de renda, pode contribuir para se atingir a segurança alimentar.

A nova Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030 reconhece que a alimentação desempenhará um papel central na concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, portanto, em garantir a fome zero. Inúmeros analistas coincidem em reconhecer o papel fundamental do segundo dos 17 ODS, que trata sobre “acabar com a fome, conseguir a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável”, na concretização dos demais.

Então, o que pode facilitar sua concretização em termos práticos?O Fundo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o primeiro mecanismo criado para concretizar as 169 metas incluídas nos ODS, já desenha novas plataformas para o trabalho conjunto de várias agências da Organização das Nações Unidas (ONU), governos, sociedade civil, setor empresarial e comunidades que trabalham no terreno.

Em função de seus constantes esforços para impulsionar a inovação e promover o diálogo e a ação para alcançar os ODS, o Fundo convoca à mesa os reconhecidos chefes Joan, Jordi e Josep Roca, responsáveis pelo restaurante Celler de Can Roca, na cidade catalã de Girona.Na sede da ONU, em Nova York, o Fundo inicia hoje um diálogo sobre o papel da alimentação e dos ODS e como chefes como os irmãos Roca podem contribuir para o desenvolvimento sustentável (**).

Após definir a segurança alimentar e a nutrição como seus principais eixos de ação, o Fundo ODS já financia quatro programas que contribuem diretamente para a concretização do segundo dos objetivos.Com seu apoio, o governo de El Salvador cria novos planos e normas para conseguir a segurança alimentar e a nutrição de sua população mais vulnerável. Na Guatemala, o Fundo trabalha com quatro prefeituras para aumentar a participação de meninos e meninas, jovens, mulheres e homens em mecanismos locais que apontem para esse fim.

No Vietnã, o Fundo opera em duas províncias com elevado número de pessoas que vivem na extrema pobreza, se concentrando em padrões e políticas que favoreçam uma boa nutrição e o desenvolvimento de sistemas e capacidades institucionais. Em Fiji, Samoa e Vanuatu, a instituição trabalha com jovens em fazendas onde praticam uma agricultura orgânica para apresentar a eles o enfoque da cadeia alimentar.

Entre os temas que serão debatidos no diálogo com os irmãos Roca se destacam:

  • segurança alimentar e resultados nutricionais melhorados: abastecimento local de alimentos, reduzindo a perda e o desperdício dos mesmos, aspectos ambientais, preparação dos alimentos, o papel dos pequenos agricultores e a conservação e uso dos alimentos;
  • repensar como a indústria alimentar e gastronômica pode criar mais e melhores empregos, proteger o ambiente, revitalizar tradições culinárias endêmicas, educar crianças e jovens em melhores hábitos de alimentação e preparação culinária, e promover atividades relacionadas com os alimentos como fonte de renda sustentável, em especial, o papel das mulheres na cadeia alimentar;
  • criar melhor compreensão da sustentabilidade, com a abordagem deassuntos relacionados com a melhoria da produção agrícola e compensaçãodos desafios que apresenta;
  • melhorar o acesso aos alimentos, além das questões nutritivas, para reconhecê-los como importante motor parao crescimento econômico inclusivo, para reduzir a pobreza e construir a paz;
  • analisar o papel que a mudança climática agrega ao desafio de conseguir uma produção sustentável de alimentos e atender as demandas de uma população crescente;
  • reconhecer a alimentação e o cuidado adequados como parte integral dos programas e estratégias nacionais para reduzir a fome e a subalimentação que incluiu a promoção da amamentação materna exclusiva durante os primeiros seis meses de vida do bebê, bem como uma alimentação complementar adequada e os requisitos básicos para o bem-estar nutricional. Envolverde/IPS

*Paloma Duráné diretora do Fundo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

** Para participar do diálogo basta se inscrever aqui ou enviar sua consulta para [email protected].