bonnPor Thaianna Cardoso – 

No primeiro dia acompanhando as negociações, o Brasil e seu grupo G77 realizaram muitas contribuições para o documento final, que vai virar o tão esperado acordo climático. Na manhã de quarta-feira (3), o foco das negociações foi financiamento e tecnologia, pela tarde transparência no processo de implementação e a diferenciação das responsabilidades. Porém, existem muitos desafios prévios à pauta das negociações e que as torna muito lentas, a exemplo da metodologia da própria plenária. Tempo demandado em organização resulta em menos tempo em negociações efetivas, e em consequência torna o trabalho de reduzir as 90 páginas do documento atual nas 10 a 20 páginas do futuro acordo ainda mais árduo.

A segurança do clima depende da redução de emissões de CO2 para não elevar a temperatura do planeta em no máximo 2ºC e idealmente 1,5ºC – ultrapassar essa estimativa implica em riscos sociais, econômicos e ambientais sem precedentes.

INDC-grafico-194x300O infográfico de autoria da Climate Nexus, apresentado em Bonn, aponta um horizonte de evolução da redução de emissões segundo os compromissos dos países para o acordo de Paris. Observa-se que pelo business-as-usual (ou seja, se as coisas continuarem do jeito que elas estão) projeta-se para 2030 a emissão de 68Gt CO2.

Pela soma das metas apresentadas pelos países membros da ONU até o momento, o cenário de redução é de apenas 31% do total que precisamos para não ultrapassar esse limite, e ainda se somarmos as projeções do que ainda não foi apresentado – o Brasil faz parte desse grupo – teremos alcançado apenas 44% do objetivo proposto.

O trabalho de mediação é intenso para a construção de um acordo climático em que todas as nações se sintam contempladas, abrir mão de certas posições às vezes é necessário e por isso nos perguntamos: e se não alcançarmos um acordo que se comprometa com a redução de emissões de gases de efeito estufa a um nível seguro para o planeta? Como fica?

É fato que estamos em um momento de transição no mundo da era dos combustíveis fósseis para a era das energias renováveis. E mudanças são mudanças, causam estranheza, até quando são positivas. E você está disposto a mudar? Já que o compromisso dos governos só vai dar conta de 44% do que precisamos para chegar ao nosso objetivo, vai sobrar para a gente mesmo! A sociedade civil precisa ser parte da solução em conjunto com as nações que devem evoluir continuamente suas metas.

E aí, vai assumir essa?

* Thaianna Cardoso faz parte da Delegação do Engajamundo em Bonn SB42.

** Publicado originalmente no blog Engajamundo.