Política Pública

Brasil vai liderar mudança a nível mundial na moda, design e arquitetura verde

Por Katherine Rivas, da Envolverde*

Interesse e aceitação das empresas do setor duplica no intervalo 2015-2016.

Com oito anos de movimento e na sua segunda edição, o Prêmio Ecoera colocou a moda num novo degrau do consumo conectado. Hoje, com novos aliados do mercado de beleza e design, consumir tornou-se um ato semi-político onde a aquisição de um produto traz uma dose de responsabilidade. O público ampliou seus interesses ao processo de elaboração: de onde o produto vem, como foi feito, quem participou disso e em quais condições.

O Movimento EcoEra, criado por Chiara Gadaleta, consultora de moda sustentável, nasceu em 2008 com o objetivo de dar um novo significado à moda e tendências. Desde então, muitas empresas do setor são mapeadas junto aos seus produtos e projetos para que o consumidor saiba das soluções ambientais exercidas. “Utilizamos o sistema B, metodologia aplicada em mais de 1800 empresas e 200 países, com os quatro pilares de governança, meio ambiente, trabalhadores e comunidade. De acordo com isso as empresas são selecionadas e concorrem”, explica Chiara.

Para a consultora, o mercado atual mudou radicalmente. A moda hoje tem uma relação com projetos sociais, ambientais e há um questionamento constante por parte dos consumidores sobre o que existe além das roupas. “O momento atual é perfeito para abordar esta discussão. Estamos unindo informações e plataformas para debater sobre as pessoas, a natureza e o planeta. Hoje é mais simples falar disso, e o Prêmio Ecoera comemora este avanço”, diz

A tendencia dos próximos anos é o biodesign aliado a estruturas de baixo carbono. Foto: Standford University
A tendencia dos próximos anos é o biodesign aliado a estruturas de baixo carbono. Foto: Standford University

 

Na primeira edição no ano de 2015, o Premio Ecoera teve 83 inscritos. Na segunda edição o evento recebeu 50% a mais de inscrições, mais de 150. No ano 2017 a expectativa é triplicar este número.

A edição 2016, cuja premiação ocorreu na Casa Vogue, contou com três categorias Planeta, Pessoas e Design.  A Damyller, empresa de jeans foi uma das vencedoras da categoria Planeta pela sua gestão ambiental e tratamento de efluentes junto a Biofitness também vencedora pelo desenvolvimento de uma tecnologia que incrementa a vida útil das roupas, evitando que estas sejam lavadas continuamente.

Na categoria Pessoas, o Grupo Malwee e Svetlana lideraram em nome da moda ética e vegana. A segunda edição trouxe como novidade a categoria Design, escolhendo o Emporio Beraldin, empresa de tecidos e acessórios de decoração como ganhadora por motivo da sua produção natural.

O Prêmio Ecoera 2017-terceira edição- incluirá gastronomia como parte das alianças sustentáveis. Gadaleta afirma que a temática já está sendo abordada em diversos grupos. Na última edição Ecoera homenageou o projeto social Refettorio Gastromotiva, iniciativa do Rio de Janeiro que alimentou crianças órfãs com o excedente de alimentos dos Jogos Olímpicos, assim também a ONG Banco de Alimentos ganhou reconhecimento pela iniciativa que distribuiu comida para 22 mil pessoas e conscientizou estas sobre o número de desperdiço.

“A moda é uma plataforma que viraliza rápido. Mas esta precisa ser bonita, a beleza impacta abre portas e assim podemos inserir com facilidade a sustentabilidade, precisamos entender que nada funciona sem colaboração” comenta Chiara e explica no próximo ano diversos especialistas vão debater as novas temáticas sobre o impacto da moda em outros mercados, inclusive o culinário.

Novas tendências

 Especialistas debatem junto a Chiara Gadaleta tendencidas do futuro da moda e arquitetura. Foto: Casa Vogue

Especialistas debatem junto a Chiara Gadaleta tendencidas do futuro da moda e arquitetura. Foto: Casa Vogue

 

Durante a premiação do Ecoera, no dia 25 de novembro, especialistas debateram a sustentabilidade no contexto do design e da arquitetura. Patrícia Cardim, diretora geral do Centro Universitário Belas Artes, apontou para uma problemática crescente: a desigualdade e a distribuição errada de espaço. Na visão da especialista as cidades do século XXI oscilam entre ser a melhor criação ou o maior problema.

Para Patrícia o mundo atual exerce uma pressão muito forte sobre os novos profissionais da arquitetura, que precisam lidar com escassez material e parametrizar a natureza. Uma nova tendência surge no mercado, o biodesign aliados a biologia e as construções sustentáveis. Ela reconhece que a nova tendência na hora de desenhar o formato de uma casa está ganhando espaço.

O arquiteto e professor de sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carlos Murdoch concorda com Patrícia e afirma que as novas gerações, aliadas ao mundo digital, tem as ferramentas para antecipar soluções ambientais, estabelecidas pelo Acordo de Paris até 2050, através das suas construções.

Murdoch vê no Brasil potencial de transformação ambiental para motivar mudanças em outros países. Ele acredita que Estados Unidos não pensa mais no mundo e sim na vida em outros planetas como Marte, planejando estratégias futuristas já o Brasil surge neste contexto como uma alternativa de sustentabilidade para olhar ao futuro, enquanto outros desistiram os brasileiros podem demostrar que construções de baixo carbono em casas e grandes espaços públicos sustentáveis são totalmente possíveis, assim como garantir a vida na terra por muitos anos. (#Envolverde)